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27/09/2016 10:19

Veja como queda na média de público afeta as contas da Arena Corinthians

Presença da torcida despenca nas últimas partidas e atrapalha a arrecadação do clube para o pagamento das obras em Itaquera

27/09/2016 às 10:19 | Atualizado Globo Esporte
Marcos Ribolli

Depois de dois anos de grandes públicos, o Corinthians começa a sentir nas arquibancadas de sua arena os efeitos de um time que não parece ter forças para brigar por títulos em 2016.

Desde a saída de Tite e das constantes vendas de jogadores importantes, a torcida do Timão passou a frequentar Itaquera em número bem menor. A queda mexe diretamente com o pagamento das contas do estádio.

Em outras palavras: é como se você, torcedor, comprasse um apartamento financiado e, de uma hora pra outra, passasse a ter um salário menor. Com menos dinheiro, o pagamento do financiamento fica cada vez mais difícil.

É o que acontece com a Arena Corinthians, que vê menos dinheiro entrando em caixa.

Como a comercialização de camarotes está muito abaixo do esperado, boa parte do dinheiro arrecadado vem com a venda de ingressos. A presença do torcedor, porém, vem caindo consideravelmente. Contra o Fluminense, no último domingo, a arena registrou sua pior marca. Apenas 18.838 pessoas compraram bilhetes, gerando uma renda de R$ 914.004,50.

Outras duas marcas muito ruins foram registradas recentemente. Em agosto, 20.207 pagantes (R$ 930.524,00) estiveram na partida contra o Vitória, pelo Brasileirão. Na semana passada, 20.614 (R$ 1.103.889,50) pagaram para acompanhar o duelo diante do Fluminense, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Não bastasse a queda no público e consequentemente na arrecadação, o Corinthians não fica com o valor integral do que é gerado. O clube precisa arcar com taxas da CBF e outras despesas. Por exemplo: do R$ 1,1 milhão obtido no jogo contra o Fluminense, pela Copa do Brasil, o clube recebeu apenas R$ 483.187,93. Todo o montante segue direto para o fundo.

– Eu acho que é um pouco de tudo: o momento do time, o frio em São Paulo, o fim do mês. Tudo isso faz com que os torcedores fiquem em casa – explicou o presidente Roberto de Andrade, na semana passada.

Apesar da redução, o Corinthians ainda tem a melhor média de público (32.571 torcedores) entre os clubes que disputam as Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro – o arquirrival Palmeiras aparece em segundo (28.348). Clique aqui e veja o ranking completo dos públicos nos estádios brasileiros em 2016.

O Timão arrecadou pouco mais de R$ 51 milhões com ingressos. No entanto, em virtude dos tributos, pouco mais da metade chegou ao fundo.

Apesar das reclamações dos torcedores, o Timão descarta reduzir os preços dos ingressos. A direção alega que só poderá pensar em reduzir os valores se as propriedades do setor Oeste (cadeiras e camarotes) tiverem uma venda maior, algo improvável neste momento. O ingresso médio para ver um jogo da equipe é de R$ 56.

CONTAS

A diretoria do Corinthians espera para o mês de setembro uma resposta do BNDES sobre o pedido de carência de 17 meses para voltar a pagar o empréstimo de R$ 400 milhões. Em virtude da solicitação, o clube não deposita a parcela integral de R$ 5,7 milhões desde abril, mas ainda assim é obrigado a pagar cerca de R$ 3 milhões somente de juros. Caso a resposta seja positiva, o pagamento voltará a ser feito somente em agosto de 2018, tempo em que o Timão pretende fazer caixa.