04/10/2016 12:30
Operação da PF investiga governador da Bahia, ex-ministros das Cidades e OAS
O ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes, também é investigado, no Rio de Janeiro. Atualmente, ele trabalha na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados da Operação Hidra de Lerna na sede estadual do PT em Salvador, nas empresas de publicidade Propeg e na construtora OAS, também investigada na Lava Jato. Entre os investigados da operação está o governador da Bahia, Rui Costa (PT), suspeito de ter recebido financiamento ilegal na campanha que disputou para o cargo em 2014. Outro investigado é o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP) – atual conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia, cuja residência também foi alvo de buscas da PF, no bairro Itaigara.
O ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes, também é investigado, no Rio de Janeiro. Atualmente, ele trabalha na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
A Operação Hidra de Lerna foi deflagrada em Brasília, Salvador e no Rio de Janeiro. Ao todo, são 16 mandados de busca e apreensão, deferidos pela ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido ao foro privilegiado de alguns investigados. A Polícia Federal não divulgou quantos mandados são cumpridos em cada cidade.
O operação investiga um grupo criminoso suspeito de prática de financiamento ilegal de campanhas e fraudes em licitações e contratos do Ministério das Cidades. Segundo a PF, a construtora OAS contratava empresas do ramo de comunicação, como a Propeg, para elaborar campanhas para o ramo da construção civil. No entanto, as empresas faziam campanhas para partidos políticos. Outra linha de investigação apura fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.
De acordo com a PF, o nome da operação Hidra de Lerna é uma referência à figura da mitologia helênica, que ao ter a cabeça cortada, ressurgiu com duas cabeças. A investigação é fruto de três colaborações da Operação Acrônimo, e exige a abertura de dois inquéritos, pelo STJ.
Defesa
O advogado de Negromonte, Carlos Fauaze, confirmou a presença da polícia na casa do ex-ministro, mas disse que não irá se manifestar sobre o assunto até ter acesso aos autos da operação. O advogado afirmou que a PF levou dois aparelhos de celular da casa de Negromonte, mas nenhum documento “porque os agentes não julgaram importantes para a investigação”.
Em nota, a Propeg, empresa de comunicação, confirmou que as buscas foram feitas nos escritórios da empresa - em Brasília e Salvador – e nas residências de executivos da companhia. A empresa disse que auxilia as investigações desde junho deste ano e nega que os fatos apurados tenham “qualquer ligação com o PT, o governo da Bahia e com a empresa OAS”.
O diretório do PT na Bahia informou que vai divulgar ainda hoje (4) nota a respeito do assunto. A reportagem entrou em contato com a assessoria do governador Rui Costa, mas as ligações não foram atentidas.
A reportagem entrou em contato com a OAS, por e-mail, e aguarda retorno.
Em nota, o Ministério das Cidades diz que não recebeu, na manhã desta terça-feira, nenhuma notificação sobre a operação da PF envolvendo recursos da pasta. O ministério informa ainda que, em poder das informações, terá condições de avaliar do que se trata e capacidade de instaurar, imediatamente, “processos administrativos disciplinares para investigar a denúncia”. O órgão ressalta a disponibilidade em colaborar com todas as informações necessárias para garantir eficiência e transparência na aplicação dos recursos citados.
A Agência Brasil procurou a assessoria de Márcio Fortes que informou que ele irá se manifestar ainda hoje por nota ou entrevista à imprensa.