27/01/2014 07:00
Após um ano de luta, catadores comemoram conquista de benefício
Incentivo
Catadores de materiais recicláveis do município de Campo Grande agora podem usufruir de um benefício garantido por lei. Em vigor no município desde o último dia 20 de janeiro, a Lei Municipal nº 5.294 prevê auxílio financeiro para catadores, associações e cooperativas do setor e visa promover a inclusão social dos catadores e incentivar a reintrodução de materiais recicláveis em processos produtivos.
Há dez anos trabalhando no lixão, Daniel Arguero, 35, afirma que o incentivo é apenas a porta de entrada para que outros benefícios possam ser conquistados pela categoria. " Foi muita luta, muitos anos de reivindicação. Campo Grande não é a única capital do país a conceder esse benefícios, cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, que tem o bolsa verde, os trabalhadores de recicláveis já têm essa ajuda", lembra o presidente da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis do Aterro Sanitário de Mato Grosso do Sul.
De acordo com a nova determinação, o incentivo - que não teve valores especificados- será trimestral, depositado integralmente ou em parcelas, e as cooperativas ou associações devem repassar aos catadores no mínimo 90% dos recursos transferidos pela bolsa Reciclagem.
Os outros 10% devem ser usados em: custeio de despesas administrativas ou de gestão; investimento em infraestrutura e aquisição de equipamentos; capacitação de cooperados ou associados; formação de estoque de materiais recicláveis; ou divulgação e comunicação.
Aumento da produtividade - A presidente Associação dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis dos Aterros Sanitários de Mato Grosso do Sul, Gilda Macedo, também trabalhou por dez anos no lixão de Campo Grande, e reconhece a importância de ter um amparo legal para exercer a atividade. "Isso dará mais dignidade para todos nós, além de aumentar a nossa produtividade também. Batalhamos muito para que isso acontecesse e graças a Deus conseguimos"disse.
Infraestrutura- De acordo com Daniel Arguero, um dos grandes desafios a ser superado ainda é a falta de infraestrutura para a realização do trabalho. No local, cerca de 1500 pessoas realizam a triagem dos materiais recicláveis para depois colocar a venda. Segundo Arguero, o dinheiro é dividido entre todos os catadores da cooperativa. " Estamos trabalhando em um local apertado, onde seria um refeitório. Já perdemos muito material, também. Temos dois barracões que não cobre nem da chuva e nem do sol", acrescenta.
Segundo o presidente da cooperativa, em Mato Grosso do Sul há uma associação e duas cooperativas. Conforme Arguero o próximo passo é conseguir apoio para que outras iniciativas possam ajudar ainda mais os catadores no município. "Nós estamos entrando com o projeto pelo Conselho da Saúde que é o Procatador que a Fiocruz está promovendo junto com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e cada vez mais nós vamos conquistando o nosso espaço dentro e fora da cooperativa", disse.