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30/01/2014 06:00

No Dia da Saudade elas ensinam que lembrança não tem data e nem sempre faz sorrir

Thinking of you

30/01/2014 às 06:00 | Atualizado Renan Gonzaga
(Foto: Reprodução/Internet)

Existe dia para saudade? Existe. Hoje, trinta de janeiro. Alguém quis marcar, destacar no calendário, mas isso, para quem sente, pouca importa. Saudade, na verdade, não tem data e nem sempre faz sorrir. É mais uns daqueles sentimentos que não pedem licença. Chega de mansinho, se aloja no coração e faz um estrago, para o bem ou para o mal.

Saudade é a falta do namorado, namorada, do amigo que mora longe, dos pais, de alguém ou de algum lugar. É a recordação que tira um sorriso, mas que também derruba lágrimas.

Para a educadora física Clarice Pinheiro, de 34 anos, essas sete letras amontoadas formam mais uma palavra dura. Uma lembrança triste, que vem todos os dias, a toda hora, independente do dia estipulado.

Saudade, neste caso, é tristeza, apesar dos bons momentos que sempre vem à cabeça. Clarice perdeu o pai há três anos. Um infarto o levou. Na época, com 31 anos, ela já era órfã de mãe.

“Antes de falecer, ele ficou cinco anos doente, teve diabetes e foi perdendo a visão. No final ele estava dependente da gente”, relata. Hoje ela se lembra de todos os momentos bons que viveu ao lado do pai. Logo, ele representa a perda, a falta e amor que se misturando formam o conceito da palavra em sua cabeça.

 

A mulher sofreu, ainda sofre com tudo isso, mas se agarrava às lembranças para recordar e superar as perdas. É contraditório, mas esse sentimento chamado saudade, esse que gente acha que entende, leva qualquer um do riso ao choro em um só momento.


Dona Maria acredita que a maturidade faz o conceito de saudade mudar. (Foto: Renan Gonzaga)

A dona de casa Maria Neide Alves, de 63 anos, sabe bem o que isso. Entende o sofrimento de Clarice porque, assim como ela, se agarra às lembranças a mãe, que se foi há 4 anos, para conviver com a dor.


“Não tem mais aquela reunião na casa da mãe. Eram em todas as festividades como natal, aniversário, domingo. A família era grande e ficava todo mundo junto. Agora não, a gente se reúne, mas sempre fica faltando”, disse.

Maria acredita que a maturidade faz o conceito de saudade mudar, porque na juventude é comum sentir falta de um namorado ou de um amigo que foi morar longe, mas depois de adulto as prioridades mudam.

Pelo lado positivo, sem relação alguma com a morte, seu filho que mora em Florianópolis, por exemplo, é o motivo dos seus pensamentos mais distantes.

“A gente criou, curtiu a gravidez, viu crescer, almeja tudo de bom, e se fica doente a gente sofre junto”, explica a aposentada. E para matar a saudade a solução que ela encontrou foi ligar todo dia, para ouvir um pouco da sua voz e ficar mais calma.


É por isso que, apesar da marca no calendário, pouco importa a data. Saudade, de fato, não tem dia.