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02/02/2014 06:00

No país onde carnaval é paixão, eles preferem dormir e acordar só quando a folia acabar

A festa da carne

02/02/2014 às 06:00 | Atualizado Renan Gonzaga
(Foto: Reprodução/Internet)

Foi dada a largada. Em Campo Grande, neste final de semana com a chegada de fevereiro, vários “pré-carnavais” e “esquentas” acontecem pela cidade. Para se ter ideia, sexta teve o lançamento do Imaginário Maracangalha, no sábado o Cordão Valu e o Rockers fizeram a alegria dos foliões, e hoje, domingo, acontece o lançamento oficial do carnaval da Capital, nos Altos da Afonso Pena.


Dá para ter um gostinho de como será a festa para os campo-grandenses, no país onde o carnaval é considerado uma paixão nacional, junto com o futebol e as bundas. Sim, concordando – e contribuindo – ou não com o pensamento, estes são os cartões de visitas e a impressão que se passa para os estrangeiros.


Há quem diga que a cultura do país, que fica em evidência nesta época, é “apreciar a putaria”. Afinal, as panicats rebolando com a bunda de fora no controverso Pânico na TV, ou qualquer outro programa com mulheres nuas e sensuais, mostram exatamente o que a massa consome.


“É um pecado eu falar uma barbaridade desta, até porque sou uma brasileira e aqui todo mundo gosta. Mas eu nunca curti o carnaval, nunca gostei das mulheres rebolando e mostrando o corpo”, afirma a estudante universitária Andressa Vieira, de 22 anos.


Segundo a jovem, nesta época, pela exposição de corpos à mostra, o que é exibida nos veículos de comunicação lembra muito uma famosa série de filmes pornôs de uma produtora nacional. “Uma vez eu liguei a TV e parecia que estava passando o Baile das Panteras, mas era apenas uma festa”, relembra.


Segundo Andressa, o carnaval é apenas uma exposição de corpos. (Foto: Reprodução/Internet)


Já o jovem Henrique Araujo, de 26 anos, relata que se pudesse dormiria durante fevereiro inteiro e acordaria só quando o carnaval acabasse, em março. “Eu até entendo que o a maioria dos brasileiros é hipócrita e gosta de condenar o material que consome, mas eu realmente não vejo isso como motivo de orgulho. Prefiro ficar dormindo.”


Porém, ele consegue ver um lado positivo na festa. “O carnaval só serve para mim porquê tem o feriado, que da para fazer alguma viagem legal e aproveitar os últimos dias antes do ano começar realmente”, explica o jovem, que planeja passar a data em Piraputanga, no interior do Estado.


Em uma ocasião que alguém sai por aí beijando mais de vinte pessoas em uma única noite, Henrique não critica quem prefere um retiro religioso, pois acredita que respeitar as diferenças é fundamental. Só que mesmo assim, não se sentiria bem na pele de um folião. “O Brasil é um país muito grande, e cheio de costumes, tradições e culturas. Mas se todo brasileiro gosta de carnaval, então eu não sou brasileiro”, finaliza.