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21/06/2017 09:40

No frio, 'dicas da vó' e cuidados básicos podem salvar vidas de bebês e crianças

Mães enviaram dúvidas para reportagem, que foram respondidas pelo especialista Paulo Siufi

21/06/2017 às 09:40 | Atualizado Liziane Berrocal

A cebola cortada em quatro partes e a receita de vovó com o tradicional “Vick Vaporub” na bacia de água quente pode ajudar e muito as mamães, papais e famílias que se preocupam com os bebês neste frio. O que fazer para aumentar a imunidade? Como se precaver com o inverno, em especial com crianças que tem problemas alérgicos. Como saber se uma tosse é alérgica ou não? Enfim, são muitas dúvidas que permeiam o universo infantil quando o assunto é “doenças do frio”.

As perguntas? “Seriam mais de 300”, diz Evy Souza, mãe de uma menina e que participa do grupo de mães “Mamães Caçam Promoções”, com 256 mamães que trocam ideias e medos  no WhatsApp.

As dúvidas, em sua maioria são iguais e acabam caindo no medo de dar medicação para crianças muito pequenas e como aumentar a imunidade dos pequenos, que são os que mais sofrem no frio. Elaine Cristina Roberto, diz que está igual a personagem Luna do “Show da Luna”. “Ela fala eu quero saber, então eu quero saber”, diz mandando o que lhe aflige.  

Diante dos questionamentos, e das temperaturas baixando, a reportagem conversou com o pediatra Paulo Siufi, que alertou para o excesso de medicamentos, para o uso de aparelho de inalação compartilhado e até mesmo para a tão propagada lavagem de nariz com a seringa, método que segundo ele é contraindicado.

Entre as dúvidas estão como saber se uma tosse é alérgica ou de resfriado. “A tosse de alergia não vem acompanhada dos prodomos, que são os sintomas que antecedem uma gripe, febre, dor no corpo, lacrimejamento de olhos, mal estar. É uma tosse seca, a tosse alérgica e passa a ser produtiva, com secreção, transparente a coriza e é uma tosse irritativa”, explica o pediatra.

E no frio, é possível ainda melhorar a imunidade do bebê, em especial aqueles que tem problemas respiratórios. “Existem medicamentos que melhoram a imunidade daqueles que são alérgicos, que dependendo da idade você pode usar ou não. Geralmente só após um ano de idade, porque até um ano a imunidade é passiva, uma imunidade mista, ainda não é ativa, aquela que o bebezinho vai ter para o resto da vida”, diz.

“E você também deve evitar friagem, aglomeração, contato com outras crianças que estejam nessa idade de processo de patologias como gripe, doenças como catapora, que agora é época. Doenças infecciosas, também”, aponta, lembrando que aquele “coloca o casaco nesse menino, que está frio” ainda é a melhor dica para prevenir resfriado.

Febre? Fique atenta para como cuidar

“Febre é a temperatura corporal igual ou maior a 37,8°. Não há um quanto de febre para levar a criança para o médico”, diz sobre a insegurança de muitas mães quando o bebê começa a ficar “mais quentinho”.

Outro medo, é a convulsão febril. “Que é o medo de todas as mães, ela ocorre até o seis anos de idade (após essa idade não existe), ela acontece ou pela subida brusca da temperatura ou pela queda brusca. Tem mãe que o filho está com febre vai e coloca debaixo da água gelada. Isso está errado também. Tem que baixar a temperatura de uma forma moderada, tranquila, para estabilizar”, ensina.

Mas não é preciso pânico. “Se tiver tendência. Se não tiver tendências pode ter 41° que não vai ter convulsão”.

Lavagem do nariz com seringa? Não, melhor não

E sabe a lavagem com a seringa, que muita gente faz? Então, ela não indicada pelo pediatra. “Está contraindicada. Quando você faz a lavagem com a seringa e o soro, você está causando uma irritabilidade na mucosa nasal, não é recomendada. Então a melhor forma é o spray nasal, quando você faz (o jato) ele ‘abre’ como se fosse um guarda-chuva e fica só nesta localização da mucosa nasal. Quando você injeta o soro fisiológico com a seringa, você traumatiza a mucosa e esse soro cai lá para dentro do abdome, a criança engole. E é cloreto de sódio, é sal e o excesso de sal é prejudicial. Acaba prejudicando mais do que ajudando, por causa do excesso de sal”.

A inalação, nesse caso, já é recomendada, mas ainda assim é preciso muitos cuidados. “Já a inalação pode ser feita desde que você tenha um aparelho que ele esteja esterilizado. Se não, você pega um da vizinha em que tanto o fiozinho (mangueirinha) dele ou a máscara estejam contaminados. Você precisa esterilizar”.

Pneumonia se “pega”, e cuidados são básicos

“Pega porque é bactéria. Se for pneumonia bacteriana, ela fica na máscara da inalação e o próximo que vier fazer a inalação pode aspirar essa bactéria e ter a pneumonia bacteriana”, alerta explicando o motivo de não usar aquele aparelhinho emprestado sem os devidos cuidados.

Segundo ele, nesse caso formulas caseiras também ajudam quem não tem condições de comprar um aparelho de inalação ou umidificador. “A inalação, você pode fazer só com o sorinho fisiológico, que vai ventilar melhor o pulmão e a criança vai se sentir melhor. Se você não tem o aparelhinho, no dia que não chove, pode ligar o umidificador. Quem não tem, pode apelar para aquelas dicas caseiras de bacia com água, toalha molhada pelo quarto que ai vai umidificar”.

Mas se a mãe foi até o médico e não foi feito raio-X, várias dúvidas ficam no ar. No entanto, o especialista garante que o exame é só uma contraprova finalizadora. “Com os dados clínicos, e com o exame físico, a ausculta, com esse aparelho o estetoscópio. Você ouve creptos, como se fosse pisar numa folha seca, o creptar. Isso já define como pneumonia. E se você tem dúvidas, o exame complementar é o raio X”, garante.

E sabe aquelas receitinhas caseiras de vovó? Elas são sim indicadas

“Ah, as receitas caseiras ajudam e muito”, garante Siufi que também é adepto desses truques, em especial para crianças menores. “Cebola, o uso de VickVaporub para melhorar o ambiente, tudo isso pode sim. Colocar o vick numa chaleira com água fervendo, você põe na  bacia e sai aquele vapor. A cebola também é real, você corta e coloca no quarto. Funciona sim, é receita caseira que ajuda. Mas eu indico o vick que ajuda muito”, ensina.

O uso de medicamentos, que é um medo de muitas mães também foi explicado pelo pediatra Paulo Siufi, que alertou para a “indicação da comadre”. “Por exemplo, corticoide é uma medicação que deve ser indicada pelo profissional médico, não pela comadre, pelo balconista de farmácia ou pela vizinha. Porque ele tem as especificidades e tem os efeitos colaterais, então tem que saber usar, tem que saber a dose e o tempo certo que vai ser usado, para não causar malefícios para as crianças”.

O mesmo ele diz sobre os xaropes, que na caixinha do remédio sempre apontam para indicação acima de dois anos. “Mas são seguros para uso, desde que indicado pelo médico, que carimbe uma receita, coloque o CRM dele lá. Porque todo remédio tem sua posologia, na sua indicação um valor padrão e vem escrito em seguida: ou a critério médico”, aponta.

“Como não temos medicamentos para abaixo de seis meses, como xaropes, descongestionantes, antitussígenos, expectorantes, então adequamos a dose porque conhecemos o produto. Mas o médico quem conhece o produto, então está autorizado a fazer a adequação dessa dose”, continua alertando.

O problema, segundo o especialista é a automedicação. “Muitas pessoas compram e se automedicam. E é contraindicado. Nunca, muito menos para crianças e bebezinhos, nunca. Colocam esse acima de dois anos que é uma margem de segurança, que não vai utilizar no bebezinho, mas existem medicamentos que tem margem de segurança em recém-nascidos”.

E mesmo com a evolução medicamentosa, Siufi ainda diz, que prefere que bebês não sejam “entupidos de remédios”, pelo fato de o organismo estar em formação. “Eu particularmente sou adepto de utilizar menos fármacos, menos química e mais as coisas naturais. Existem fitoterápicos que são medicamentos da origem nas plantas e que são ótimos e resolvem a maioria dos casos de recém-nascidos e bebezinhos. Para não ter uma química muito grande no corpo que está em formação ainda”, diz.