21/03/2014 11:17
Olarte é o poderoso secretário de um governo de diversos líderes
Retorno ao passado
A montagem do secretariado de Gilmar Olarte foi articulada desde os primeiros passos da montagem da ComIssão Parlamentar de Inquérito (CPI da Inadimplência), que ficou conhecida como CPI do Calote, e objetivou apurar a responsabilidade pela quebra de contratos por inadimplência do Executivo Municipal no pagamento aos fornecedores e empresas prestadoras de serviços de janeiro a junho de 2013, data de instalação, presidida por Paulo Siufi (PDMB), relatada por Elizeu Dionízio (ex-PSL e agora no SDD), e com Otávio Trad (PTdoB), Alex do PT e Chiqunho Telles (PSD) como membros.
Essa articulação política para lotear a prefeitura da Capital e retomar o comando que havia sido retirado pela força do voto popular, fez retornar ao comando do PMDB, e mais especificamente ao grupo comandado pelo governador André Puccinelli. Também foram contempladas outras novas forças mas que gravitam, elas também, em torno do grupo andrezista.
Diferenças
Bernal, em chapa sem coligação mas com o apoio e PT, PSDB e PV para o segundo turno, foi eleito em 28 outubro de 2012 com 62,55% 270.927 votos. Giroto (PMDB), por sua vez, reuniu 17 partidos em torno de sua candidatura. No entanto, tomou posse em 1 de janeiro, sem um secretariado definido. Foram 64 dias de inoperância que retardaram as ações de governo nos meses iniciais de gestão. Criou um "Estado Teimocrático" de demissões, desconfianças, estagnação da máquina pública, denúncias e trapalhadas.
Confuso e centralizador deixou diversos flancos a descoberto, frágeis aos ataques da cúpula que foi alijada do poder. Era questão de tempo que os erros surgissem, bastava para essa oposição armar uma guerrilha terrorista. Bernal rompeu contratos e criou uma emergência para afastar empresas e pessoas ligadas à antiga administração. Errou novamente. Abafou o vice-prefeito, minimizou suas funções e o relegou ao esquecimento. Errou mais uma vez.
Diferente do ex-prefeito que, em 64 dias não conseguiu montar uma equipe de governo, mesmo que mínima, Gilmar Olarte, orientado pelo cacicado peemedebista, começou a preparar seus primeiros passos à frente da prefeitura e receber currículos chancelados dos que iriam compor sua administração. Assim, sem discussões desgastantes, afinal seriam 17 partidos a contemplar e algumas lacunas para atrair os rebeldes petistas e tucanos. Em termos de gestão, acertou. Governa com uma equipe coesa e conhecedora da administração pública, além de contar com apoio de 28 dos 29 vereadores, exceção a vereadora Luiza Ribeiro (PPS).
Salada de frutas
É comum relacionar aspectos inusitados da política nacional à jabuticaba, fruta que só existe no Brasil, assim como alguns só existem aqui, alguns acordos políticos. Olarte criou o secretariado "Salada de Frutas" e o "Parlamentarismo Jabuticaba", onde ele assume não o papel de primeiro ministro, mas de um supersecretário que coordena e tem que transitar entre as ambições de tantos partidos representados, quando ele sequer tem um partido medianamente forte.
Traçando rumos
Na terça-feira (18), sob pretexto de uma visita para pedir cooperação do governo do Estado nos setores menos bem avaliados da prefeitura, saúde e trânsito, André Puccinelli recebeu o prefeito Gilmar Olarte, secretários e vereadores. Tudo pode ter sido tratado numa reunião de pouco menos de duas horas, mas certamente não o declarado brevemente à imprensa após a reunião: fornecimento de medicamentos não especificados e sinalização de trânsito.
Seguramente vereadores e secretários, ai incluso Olarte, foram enquadrados sobre os passos, declarações, montagem de equipe e blindagem, além de '"o que vai ser permitido a quem". A preocupação reside nas eleições deste ano que irão definir a composição da Assembleia e do Senado, porque a governadoria tem nome certo, e não é peemedebista. Agora, com a Capital reconquistada, resta a André partir para o sacrifício e buscar vencer as eleições para o Senado, e conseguir cargos federais, única forma de manter coeso seu grupo de assessoramento.
O que há de mais estranho é a nomeação do procurador jurídico da Câmara Municipal, André Scaff, para assumir a Secretaria Municipal de Planejamento, Finanças e Controle (Seplanfic) e Ricardo Vieira Dias como titular da Secretaria Municipal de Receita, ambos ligados ao vereador Mario Cesar, presidente do poder que deve fiscalizar o executivo.
Todos demais atendem ao "loteamento" após a conquista, um "espólio de guerra" dividido de acordo com a eficiência de cada um na derrocada do prefeito eleito e que será reaplicado nas eleições 2014 para impedir sustos no rumo traçado para os quatro próximos anos.
Por ser dada como certa a eleição do senador Delcídio do Amaral (PT) com uma gama de apoios que abrange o próprio governador do PMDB, a disputa ficará centralizada majoritariamente no cobiçado Senado, onde se procura uma simbiose impensável em nível federal entre PT e PSDB. Nesse caso, o governador terá que agir lançando seu próprio nome para a disputa com Reinaldo Azambuja (PSDB), para manter unido o grupo que comanda há 16 anos.