Economia

21/03/2014 15:37

Setor sucroenergético pode gerar 15% da eletricidade consumida no País

Agronegócios

21/03/2014 às 15:37 | Atualizado Famasul
Foto: Assessoria de Imprensa

 O Brasil poderá acrescentar R$ 10 bilhões no superávit da balança comercial e gerar 15% da eletricidade consumida no País até 2020 desde que sejam aplicadas políticas públicas adequadas para o setor sucroenergético.

 

O cálculo do professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Fava Neves, contextualiza a “Carta de Campo Grande”, documento elaborado por representantes do setor em âmbito nacional, durante o Canacentro, e que será entregue aos presidenciáveis: Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campo.

 

O 2º Congresso do setor Sucroenergético do Brasil Central, Canacentro reuniu 620 participantes em Campo Grande (MS), foi promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul) e pela Associação dos Produtores de Bioenergia de MS (Biosul) e encerrou nesta sexta-feira (21).

 

De acordo com o professor da USP, o Brasil importa atualmente entre R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões por ano de gasolina, somando-se a quantidade que o País importa de etanol e de combustível para gerar energia nas termelétricas, ao que o País deixa de exportar de açúcar e etanol. Esse conjunto gera um prejuízo de R$ 10 bilhões, o que Fava Neves classifica como erro de política pública.

 

A carta com 20 sugestões para o desenvolvimento do setor sucroenergético direcionadas ao poder público, apresenta entre outras proposições a meta de a energia renovável atingir 50% do consumo da frota de automóveis até 2020 e 60% de participação brasileira no mercado mundial de açúcar. “Padronizando o ICMS em 12% do etanol nos estados e mantendo o da gasolina em 25%, há um estímulo do consumo do etanol e aumento da arrecadação, como acontece no estado de São Paulo. A carta também sugere melhorias no sistema de transporte de cargas, portos, infraestrutura logística, além de avanços no sistema tributário e judiciário”, destaca Fava Neves. 

 

Além da agenda sugerida ao poder público, o documento apresenta ainda metas para o setor privado da cadeia produtiva da cana. O professor da USP enfatizou que atualmente o etanol responde por menos que 30% do consumo da frota de automóveis de modelo flex, enquanto que há quatro anos o consumo era de 50%. “A meta que desejamos para 2020 já foi atingida no passado, mas precisará de maiores investimentos devido o aumento da frota para atingirmos novamente essa proporção”, destaca o professor. Neves pontuou também que a bioletricidade responde por 3% do que o Brasil consome de energia e que o setor tem potencial de aumentar essa produção para 15% com a coogeração das usinas, elevando significativamente a movimentação financeira nacional do setor, que ultrapassa US$ 100 bilhões por ano.

 

Os representantes do agronegócio, responsáveis pela elaboração da carta, solicitam no documento a aprovação de legislação que oriente os postos de combustíveis a divulgarem nas bombas as emissões de CO2 do etanol e da gasolina, tendo como base estudos científicos de universidades e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que comprovam a emissão de CO2 pelo etanol de 10% a 15% inferior à da gasolina. “O mercado exige cada vez mais produtos sustentáveis. O etanol é uma energia renovável, um combustível verde, o consumidor precisa saber disso”, enfatizou o presidente da Comissão de Agroenergia do Sistema Famasul e organizador do evento, Luiz Alberto Moraes Novaes.

 

Ao citar Mato Grosso do Sul como exemplo, o professor da USP destaca que o Estado tem capacidade para instalar 15 novas usinas, utilizando-se apenas um milhão de hectares, dos 10 milhões de hectares degradados, sem prejuízo às demais culturas, gerando 15 mil novos empregos e beneficiando a balança comercial. A carta também pede garantia de segurança jurídica, item que se refere às invasões de propriedades privadas por indígenas no País.

 Fonte: Famasul