Cidades

26/07/2018 11:54

CNJ e PGR investigam desembargadora de MS por suposta interferência em sentença

Tenente-coronel Admilson Cristaldo, preso na máfia dos cigarreiros, também é investigado

26/07/2018 às 11:54 | Atualizado Thiago de Souza
Tânia e Admilson são investigados - Divulgação

A desembargadora Tânia Garcia Freitas Borges é investigada pelo Conselho Nacional de Justiça e pela Procuradoria-Geral da República, suspeita de interferir em sentença em favor de amigos do tenente-coronel da PM, Admilson Cristado. O militar foi preso em maio por cobrar propina para deixar cargas de cigarro do Paraguai chegar a Campo Grande.

Conforme noticiou o Jornal Nacional, nesta quarta-feira (25), o advogado Dênis Peixoto Ferrão Filho, já denunciado à Justiça por lavagem de dinheiro e corrupção, pediu ao amigo Admilson que intermediasse junto a Tânia que réus em um processo fossem absolvidos.

A descoberta do suposto crime de tráfico de influência e venda de sentença foi feito com base em dados extraídos do celular do militar, na ocasião em que ele foi preso pelo Gaeco.

As mensagens, diz o telejornal, mostram conversas recuperadas pela perícia pedida pelo MPE. A primeira delas mostra Dênis chamando Admilson para conversar às escondidas, uma semana antes do julgamento. O oficial da PM então acionou Tânia para providências. 

Cristaldo diz a Dênis que desembargadores querem dinheiro. (Foto:Reprodução - JN)  

Outras apontam intimidade entre Tânia e Cristaldo. Em uma delas Cristaldo questiona Tânia sobre o andamento do julgamento, que, ao entender dele, não foi favorável ao amigo dele, Dênis.  

''Amor, o trem foi esquisito. Amor da uma olhada lá no site, não entendi [a decisão]. Tânia retorna a mensagem e explica que as decisões tomadas no julgamento foram sim favoráveis aos réus, e diz:

''Foi perfeito, porque um desembargador pediu vistas e outro aguarda. Um terceiro colega deu tudo o que a defesa pediu'', disse a presidente do Tribunal Regional Eleitoral ao militar.

As conversas entre os três seguem e envolve nomes de outros desembargadores, supondo que eles estariam recebendo dinheiro para dar decisão favorável aos réus. Tânia era cobrada a cada decisão considerada desfavorável aos réus.

Três dos cinco réus, que seriam amigos de Dênis, se livraram do processo, afirma o noticiário. Os desembargadores citados por Tânia nas conversas não serão investigados.  

O advogado de Tânia Borges, André Borges, disse que as mensagens exibidas pelo jornal não saíram do celular da cliente.
Admilson Cristaldo está preso preventivamente por conta da operação Oiketicus.