As eleições para o governo do Mato Grosso do Sul transformaram-se numa picuinha de vizinhas que se estranham, passando longe do salutar exercício democrático do “alcançar o poder para exercer a política desenhada por um grupo (ou grupos) em benefício da Nação”. E quando alguns candidatos dizem que a importância para alguns dos cargos se perde entre a imensa quantidade de cargos em disputa (deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidência da República), esta briga de lavadeiras afasta mais e mais o eleitor e, por alguns que compõem essa luta, o afasta mais da participação cívica.
Saímos do terreno da acusação embasada para o ataque pessoal, o achincalhe moral apenas e tão somente para, mais do que eleger o melhor, destruir o que se apresenta à frente nas pesquisas. Temos bons candidatos ao governo, mais de um até, não há dúvida.
Temos os votos repartidos proporcionalmente entre os que, por suas ideias e ideais conquistam este ou aquele grupo de eleitores. Por outro lado temos uma guerra de pesquisas, cujos resultados tão díspares chegam a beirar o ridículo e colocam em dúvida as assertivas matemáticas dos cálculos que deveriam ser precisos. Temos também a cooptação de uma imprensa que deveria ser livre, que renega sua condição de bem informar, de forma isenta, para que leitor forme sua própria opinião sobre fatos, e fica ou está a serviço deste ou daquele candidato, igualando-se a qualquer folheto publicitário.
As redes sociais são pródigas destes ataques, mas de forma compreensível até, pois ali se manifestam tanto os questionadores quanto os filiados, militantes ou seguidores deste ou daquele candidato, ainda que mesmo ali, jornalistas devam se manter isentos, porque não se está jornalista durante a jornada de trabalho, mas é uma condição intrínseca do profissional que abraça o dever de informar.
Por meio das redes sociais as injúrias, acusações e todo tipo de ataque têm sido dirigido aos candidatos sem exceção, no entanto mais frequentes e ferinas aos que melhor se posicionam nas pesquisas, mesmo que estas já não tenham o grau de confiabilidade que deveriam, assim vê o eleitor.
O último debate antes do primeiro turno das eleições, realizado pela TV Morena na noite de terça-feira entre os candidatos ao Governo do Estado, permitiu que as acusações fossem feitas, mas ali os candidatos acusados tiveram a oportunidade de contrapor seus argumentos. Houve ataques, mas também as defesas, de pronto. Dessa forma pode o eleitor julgar.
No entanto, ainda durante o dia, foram publicadas acusações em jornal diário, de propriedade de candidato ao cargo de senador da República, cargo de maior relevância no Legislativo, onde se espera esteja representado o melhor da inteligência nacional, contra o candidato Delcídio do Amaral.
A matéria traz a informação de que o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Luís Roberto Barroso, determinou instalação de “inquérito” em suposto crime de administração pública cometido “em tese” (sic) por Delcídio do Amaral, relativa à Operação Uragano conduzida pela Polícia Federal e que corre em segredo de justiça.
A operação Uragano, aos moldes das investigações no caso Petrobras, utilizou da delação premiada ao então secretário de Governo e Comunicação da prefeitura de Dourados, Eleandro Passaia. A polícia beneficiou além do secretário, sua pasta, que não foi investigada ainda que se supõe tenham havido desvios de verba e corrupção, que não vieram a tona com essa estranha delação premiada estendida.
Respondendo às acusações durante o debate, Delcídio fez sua defesa. Em relação à matéria veiculada pelo jornal diário, em nota, a assessoria do senador e candidato ao governo do Estado se pronunciou:
Campo Grande, 30 de setembro de 2014
Em função de criminosos vazamentos de inquérito - e não investigação, destaque-se - que corre em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal, eu, Delcídio do Amaral, esclareço:
Todas as pessoas ouvidas no inquérito 3778 afirmam, em depoimento formal à Polícia Federal, que não tenho nenhum envolvimento com supostas irregularidades cometidas na prefeitura de Dourados. Por esse motivo, o referido inquérito encontra-se em fase de conclusão e aguarda seu arquivamento.
Lamento que o segredo de Justiça tenha sido violado de forma leviana e irresponsável. Responsabilizo, desde já, os que cometeram esse crime punido por lei com o único objetivo de tirar proveito eleitoral na disputa do governo de Mato Grosso do Sul.
Nesta terça, o site Congresso em Foco, referência nacional em análise isenta da vida dos parlamentares, publicou relação de senadores que concorrem à eleições de 2014 e que são alvo de inquéritos ou ação penal no Supremo Tribunal Federal. Como não poderia ser diferente, meu nome não consta da lista. Conforme link: Acesse o portal do congressoemfoco. Clique aqui.