O infectologista e pesquisador da Fiocruz, Júlio Croda, afirmou, durante entrevista, que "estamos caminhando para o fim da pandemia" e que a doença vai entrar numa fase endêmica, "com períodos sazonais epidêmicos, como já acontece com a gripe e a dengue, por exemplo".
De acordo com o site UOL, doença endêmica é quando ela se manifesta com frequência em certas regiões, sendo provocado por causas locais.
Nesta terça-feira (22), o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, disse que pretende "acabar com o caráter pandêmico" da Covid-19.
"O Brasil já estuda esse tipo de iniciativa", afirmou ele, durante evento de lançamento da vacina da AstraZeneca de produção totalmente nacional pela Fiocruz.
Segundo o ministro, o governo avalia o cenário epidemiológico e o impacto da mudança de status da doença no Brasil, por exemplo, sobre vacinas e medicamentos que têm apenas autorização de uso emergencial.
"Passar da pandemia para a endemia não significa que a gente não vai ter o impacto da covid-19 em termos de hospitalização e óbito. Significa que esse impacto vai ser menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas tão radicais e eventualmente até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual", explicou Croda.
Ao ser perguntado sobre o que define o fim de uma pandemia, Julio destacou que o grande marcador é a letalidade, ou seja, quanto ela mata.
"Esse vírus só vai matar menos se tiver alta cobertura vacinal. As pessoas que morrem, atualmente, fazem parte de três grupos: idosos muito extremos mesmo vacinados, pessoas com muita comorbidade e pessoas não vacinadas. À medida que avançamos na vacinação, a tendência é reduzir essa letalidade. Foi assim com a influenza H1N1, quando surgiu a pandemia em 2009. Partimos de uma letalidade de 6% e isso foi reduzido para 0,1", contou.
Questionado se o Carnaval pode impactar essa tendência de queda de alguma forma, o pesquisador disse que "o que pode acontecer, a depender da cidade e do estado, é a redução da velocidade de queda do número de casos, mas não uma retomada".
"Mesmo com um evento de massa, que eventualmente esteja associado a aglomeração e transmissão, não haverá suscetíveis suficientes para uma nova onda. A não ser que surjam novas variantes, que sejam mais transmissíveis que a ômicron e tenham um escape da resposta imune do que a ômicron", finalizou.