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Polícia

PM confirma, mas comerciantes duvidam que videomonitoramento funcione na região do Los Angeles

Vigilância eletrônica da PM abrange 10 bairros e 50 mil pessoas, mas não disponibilza imagens à população

22 novembro 2016 - 17h40Por Thiago de Souza

''Mas está funcionando?''. É dessa maneira que comerciantes da região do Bairro Los Angeles, região sul da Capital, respondem quando questionados sobre o sistema de videomonitoramento, instalado há um ano e meio  pela Polícia Militar. Os lojistas, porém, percebem uma redução no número de assalto a lojas, mas acreditam que a violência hoje é maior contra pedestres, principalmente roubos de celular na Avenida dos Cafezais. A PM confirmou o funcionamento pleno das câmeras. 

O que leva a desconfiança sobre a funcionalidade do sistema, segundo empresários, é a dificuldade em ter acesso às imagens das 19 câmeras, principalmente em casos de furtos às lojas e a clientes. ''Só se estiver funcionando agora, mas nunca fiquei sabendo que estava funcionando’’, relatou Robson Willian,29, proprietário de um pet shop na Rua Engenheiro Paulo de Frontin, no Los Angeles. ''Uma vez roubaram a bicicleta de um cliente e foram lá pedir as imagens, mas disseram que não estava funcionando’’, completou o comerciante.

As câmeras são de alta definição e começam na Avenida dos Cafezais, na altura do Jardim Mário Covas, segue até a rua do Patrocínio, no Jardim Centro-Oeste, também pelas rua Mansour Contar e Almirante Cochrane, no Jardim das Meninas e rua Engenheiro Paulo de Frontin, no Los Angeles, até a divisa com o Jardim Uirapuru, na Rua Aucélio Souza Castro.    

Embora não seja possível fazer uma relação exata com o sistema de vigilância eletrônica, o fato é que lojistas sentiram uma redução na onda de violência no bairro. ''Graças a Deus diminuiu sim, até compensa morar aqui [Los Angeles]. Tá um bairro bom de morar aqui’’, definiu Willian. O profissional conclui que só lamenta o fato da população desconhecer o funcionamento do sistema, e entende que isso seria uma segurança a mais para todos, ''já que se formos roubados a gente saberia o que aconteceu’’. 

(câmeras monitoram movimento na Avenida dos Cafezais, no Mário Covas - Foto: Sejusp)

Videomonitoramento

O sistema de videomonitoramento faz parte do projeto do Governo Federal ''Crack, é possível vencer'', que em convênio com o governo estadual proporcionou o investimento necessário, na ordem de R$ 2,2 milhões.

Em maio de 2014 as câmeras começaram a ser instaladas, mas em janeiro de 2015 ainda não estava em funcionamento. Em julho de 2015 houve um problema de queda de luz na região e que afetou o sistema, que voltou a operar em julho de 2015. 

Em abril deste ano, ônibus que funciona como base e recebe as imagens das câmeras foi retirado de frente do posto policial do bairro Los Angeles após uma onda de ataques a ônibus do transporte coletivo em Campo Grande. As reclamações sobre falta de agentes e problemas técnicos são constantes.

A Polícia Militar, por meio do comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Emerson Almeida Vicente, garantiu à reportagem  que o sistema está em funcionamento pleno. Ele relatou que houve inoperância das atividades por um tempo determinado, para a manutenção do compressor do ar condicionado da estação, mas logo voltou.  Outro ponto destacado pelo tenente-coronel é que as imagens são liberadas a autoridades policiais, mediante pedido formal ou atendendo pedido da Justiça.

(ônibus da PM recebe as imagens das câmeras na região do Los Angeles - Foto: Sejusp)

Uma comerciante que trabalha na Avenida dos Cafezais, altura do Jardim Canguru, tem uma câmera do sistema de videomonitoramento a poucos metros da frente de sua loja, mas também desconhecia a operação dos aparelhos. ''Continua a mesma coisa, temos impressão que não funciona, já precisou da filmagem e disseram que não estava funcionando. Ao contrário do colega comerciante do Los Angeles, para ela a sensação na região é de medo contínuo.

''Aqui já foi furtado à noite há dois meses, foram eletrodomésticos no fundo da loja’’, contou a mulher. Ela finalizou dizendo que sua única segurança é o sistema de alarme próprio do estabelecimento.

A insegurança da mulher tem justificativa. O caixa eletrônico, dentro de uma farmácia a cerca de 15 metros do comércio dela foi explodido de madrugada, ou seja, uma ação ousada por parte dos criminosos.  

 (Darlene Santana já sofreu 32 assaltos e nega funcionamento do videomonitoramento - Foto: arquivo)

Quem pode falar com muita propriedade sobre assaltos é Darlene Santana, proprietária de uma farmácia no Jardim Mário Covas. Ao todo foram 32 crimes contra ela, sendo o último em março de 2015. Ela celebra a 'pausa' nos roubos contra seu estabelecimento.

''Tá sendo uma benção de Deus, aqui tá bem tranquilo", relatou. Porém, a comerciante fica de olho em tudo o que ocorre na região, e vê que a criminalidade agora passou a incomodar outro público. ''Os pedestres e os pontos de ônibus aqui tá um desespero. Ninguém tem coragem de andar com celular na mão. Eu mesmo, aqui dentro da farmácia não uso celular'', comentou. Sobre as câmeras de segurança do programa ela é enfática: ''não estão funcionando''.  

Na mesma avenida, na altura do Bairro Mário Covas, o proprietário, também de um pet shop, foi pego de surpresa ao saber que o monitoramento por câmeras está em operação, mas sente uma redução no número de assaltos à lojas. ''Olha, tem diminuído aqui na Cafezais, parou nos comércio, mas o assalto a pedestres continua’’, contou o empresário, que também não quis dizer o nome.

A reportagem questionou os proprietários de lojas se a polícia ou outra autoridade fizeram algum tipo de esclarecimento sobre o funcionamento do videomonitoramento, mas eles disseram que não, somente acompanham as informações meio da imprensa. A Polícia Militar nega e diz que várias ações foram realizadas pela corporação passando informações e dicas sobre o trabalho de segurança. Inclusive, segundo a PM, comerciantes foram convidados a visitar a estação-base, que fica dentro do micro-ônibus, em frente a unidade policial do bairro Los Angeles.