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Polícia

Defesa de Giroto ataca auditoria e diz que provas são 'fracas' demais

17 novembro 2015 - 15h05Por Amanda Amaral e Dany Nascimento

Começou há pouco a sequência de oitivas da força-tarefa realizada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que investiga suposto esquema de desvio de dinheiro em obras públicas durante a gestão de André Puccinelli, do PMDB, no Governo do Estado.

No início da tarde desta terça-feira (17), serão ouvidos o ex-deputado federal Edson Giroto e os ex-diretores da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), Maria Wilma Casanova e Wilson Cabral Tavares, além do empresário João Amorim e do fiscal de obras Beto Mariano, também da Agesul.


Os investigados Elza Cristina Araújo dos Santos, Maxwell Thomé Gomez, Rômulo Tadeu Menossi, João Afif Jorge e Donizete Rodrigues também estão na lista e podemprestar depoimento aos promotores até o fim do dia.


O advogado de Giroto, Valeriano Fontoura, esteve no MPE para acompanhar seu cliente e falou à imprensa sobre as estratégias de defesa, que estão sendo tomadas em cima de ‘provas fracas’ de auditoria realizada pelo Governo do Estado. Giroto chegou ao local por volta das 14h35, acompanhado de outra advogada, Kenia Fontoura.

Valeriano Fontoura, advogado de Giroto. Foto: Dany Nascimento 

“Esse e relatório [que motivou as investigações] foi feito pela Secretaria de Obras e as medições foram feitas de cima de uma caminhonete, onde nem desceram pra fazê-las. São em cima dessas provas ‘fracas’ que vamos apresentar a defesa”, declarou.

Fontoura disse ainda que não pode dar mais detalhes sobre o que está sendo dito por Giroto nos depoimentos, pois o processo corre em sigilo, mas voltou a afirmar que considera as prisões do investigado desnecessárias. “Acredito que não tinha necessidade de chegar onde chegou, prendendo, meu cliente que está à disposição da Justiça. Não existem provas de nada, até o momento só há suposições e é isso que ou defender”, disse o advogado.


O mesmo foi dito pela advogada de Wilson Cabral Tavares, Luciana Abou Ghattas, que também esteve no local para acompanhar o cliente. “Por enquanto, é uma investigação. Cabe ao juiz condenar porque, para que eles sejam culpados, tem que ter uma condenação transitada e julgada. Foi medida tomada por juiz, diante do que ela acredita, mas aqui ninguém está foragido, tenho certeza que meu cliente será absolvido”, disse à imprensa. “Esse pré-julgamento de culpa acaba prejudicando os citados. Depois de comprovada a inocência, quem haverá de pagar danos morais e materiais?”, questionou.

Advogada de Wilson Cabral, Luciana Abhou. Foto: Dany Nascimento

Responsável pela defesa de João Amorim, Benedicto de Figueiredo declarou que seu cliente já estava no local aguardando o momento de ser ouvido pela força-tarefa. O advogado preferiu entrar direto no prédio do MPE e não falou com a imprensa.

Outro investigado, o assessor especial da Coordenadoria de Suporte e Manutenção de Empreendimentos da Agesul e ex-prefeito de Paranaíba, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, mais conhecido como ‘Beto Mariano’, também já estaria no local.

Segundo seu advogado, Hilário Carlos de Oliveira, Mariano não participou sequer da fiscalização da obras investigadas. “Ele é engenheiro, fiscal de obras, mas nessas obras sempre era substituído. Temos que ver o real motivo da acusação, sabemos o que vocês [da imprensa] publicam”, disse. Ele ainda afirmou que seu cliente optou pelo direito de permanecer calado durante o primeiro depoimento, na semana passada, já que não tinha a documentação com as provas de defesa em mãos.

 Beto Mariano cheou acompanhado do advogado Hilário Oliveira. Foto: Dany Nascimento

Os depoimentos devem durar o dia todo e não há prazo para o encerramento dos mesmos, nem a sequência das oitivas.

Entenda

Suspeitas de irregularidades na MS-171 motivaram as prisões preventivas decretadas de dez pessoas na sexta-feira (13), entre elas os funcionários da Agesul (Agência Estadual de Gestão Empreendimentos), João Afif Jorge e Donizete Rodrigues da Silveira, engenheiros em Campo Grande e Jardim, respectivamente.


Conforme a investigação, a Proteco Construções Ltda foi contratada para realizar cerca de 95 m³ de cascalhamento na rodovia, porém menos de 22 m³ foram realizados. Em outro trecho, a empresa deveria realizar 90 quilômetros de cascalhamento, mas só executou 63 deles. Neste caso, a medição foi de R$ 4,5 milhões, mas a empresa só deveria receber R$ 1,8 milhões, logo, o prejuízo chega a R$ 2,6 milhões.



As irregularidades foram apontadas em relatório do Governo do Estado que motivou força-tarefa realizada pelo MPE (Ministério Público Estadual). O grupo estava preso desde a terça-feira (10), quando prestaram depoimentos para explicar as obras da recuperação da MS-228, em que as empreiteiras Provias e Proteco foram contratadas durante a administração do ex-governador André Puccinelli (PMDB) para executar uma obra de R$ 4,9 milhões, mas só investiram cerca de R$ 2 milhões.



O desvio de R$ 2,9 milhões deveria ser usado na recuperação da faixa de rolamento da rodovia, com aplicação de revestimento primário e implantação de dispositivos de drenagens, numa extensão de 42 quilômetros, entre a MS-427 e o vazamento do Castelo, em Corumbá.



Neste período, Giroto e Maria Wilma conseguiram deixar a prisão pelo intervalo de um dia, mas acabaram voltando para as celas. Na sexta-feira (13), eles conseguiram o deferimento de outro pedido de Habeas Corpus, porém o juiz Carlos Alberto Garcete decretou nova prisão temporária para mais explicações sobre outras obras com suspeitas de irregularidades.

Contudo, ontem (16) o desembargador Dorival Renato Pavan manteve a liberdade do ex-deputado Edson Giroto e mais nove pessoas. Dessa forma, Giroto, Elza Cristina Araújo dos Santos, João Alberto Krampe Amorim dos Santos, Maria Wilma Casanova Rosa, Maxwell Thomé Gomez, Rômulo Tadeu Menossi, Wilson Cabral Tavares, João Afif Jorge, Donizete Rodrigues e Wilson Roberto Mariano de Oliveira, permanecem soltos.