O inquérito instaurado para apurar os crimes de sequestro e tortura contra crianças, supostamente ocorridos no dia 15 de janeiro, no Jardim Noroeste, em Campo Grande, foi concluído nesta segunda-feira (23). A Polícia Civil, por meio da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), apontou que se tratava de uma denúncia falsa.
Após o registro Boletim de Ocorrência, pela mãe das crianças, uma equipe da DEPCA passou a levantar informações sobre como os fatos se deram e para identificar a autoria. A notícia inicial, apresentada pela mãe, era de que no domingo (15), por volta de 11 horas, cerca de cinco homens teriam ido até sua casa e sequestrado seus filhos, colocando-os em um veículo, torturando tanto as crianças, como também outros parentes da mulher.
Na delegacia, a mãe das crianças alegou que o sequestro e tortura eram uma retaliação de integrantes de uma organização criminosa, porque a mãe dela estava cumprindo pena no presídio feminino de Campo Grande e estava devendo dinheiro aos criminosos. No entanto, a autoridade policial e a equipe entrevistaram diversos moradores, além da mãe das supostas vítimas, ocasião em que verificaram algumas contradições na fala da mulher e notaram que, em alguns momentos, ela dava respostas evasivas.
Buscaram-se, também, imagens que confirmassem a ocorrência do crime, mas nada foi encontrado que corroborasse com a versão por ela apresentada. A partir de então, a polícia passou a trabalhar também com a hipótese de que se tratava de uma falsa denúncia.
Foram tomados dois depoimentos de moradores, que afirmaram veementemente que o sequestro não ocorreu e que a narrativa da mãe das crianças era falsa. Além disso, a mulher, mais uma vez, entrou em contradição ao expor detalhes sobre os supostos crimes.
As crianças, supostas vítimas, haviam sido ouvidas em depoimento especial, ocasião em que afirmaram terem sido sequestradas e torturadas, mas verificou-se que haviam indícios de que a fala delas teria sido induzida e manipulada pela mãe.
Ao ser confrontada, a mulher admitiu que inventou a história porque seu marido teria sido ameaçado por traficantes da região e ela estava com medo de retornar para a casa, razão pela qual decidiu ir à delegacia e registrar falsamente os crimes.
Ela irá responder por comunicação falsa de crime, infração penal prevista no art. 340 do Código Penal, que tem pena de 01 a 06 meses de detenção, ou multa.