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Polícia

Empresária morta assinou procuração a namorado suspeito

Advogado é suspeito de matar Jamile de Oliveira

19 setembro 2019 - 11h52Por G1

Dez dias antes de morrer após ser ferida no peito com um tiro, a empresária cearense Jamile de Oliveira Correia assinou uma procuração em que dava direitos ao namorado, o advogado Aldemir Pessoa Júnior, para representá-la na Justiça no processo do inventário do ex-marido, morto em acidente de trânsito em 2017.

A morte da empresária era tratada como suicídio mas a polícia passou a cogitar a possibilidade de feminicídio cujo suspeito é Aldemir Pessoa. A mudança na investigação ocorreu após a descoberta de vídeos que mostram o namorado carregando Jamile ferida no elevador do prédio onde moravam e, em outra ocasião, agredindo-a dentro do carro. A defesa do advogado mantém a tese de que a empresária tirou a própria vida e afirma que o cliente tentou evitar o tiro disparado por ela, mas não conseguiu.

Aldemir Júnior representava a namorada no processo do inventário do ex-marido de Jamile, José Aluísio Correia Neto, que morreu aos 54 anos em um acidente na Avenida Engenheiro Santana Júnior, em Fortaleza, no dia 3 de agosto de 2017.

O G1 teve acesso à procuração. A mulher concedeu poderes ao namorado para representá-la em qualquer tribunal, 'podendo, inclusive, requerer o que se fizer preciso, propondo as ações necessárias, contestar, replicar, interpor recursos, assinar termos, fazer acordo, desistir, retificar, ratificar, dar quitação e passar recibo'.

Ex-marido deixou patrimônio

Uma familiar de Jamile já havia revelado, sob a condição de não ser identificada, que Aldemir vinha ameaçando a empresária e já havia formulado um documento para que a vítima assinasse, autorizando repassar a ele todos os seus bens.

"Tudo isso me abala muito. A única coisa que ele queria dela era o patrimônio dela, quando o marido dela faleceu, ele deixou um patrimônio alto. Na minha cabeça, ele arquitetou tudo. Fez confusão e matou ela. Ele tinha uma folha onde dizia para ela passar todo o patrimônio dela para ele. Ela disse que ele podia matar ela e ela não passava. Ela dizia para mim que ele era um carrapato, que mandava ele sair do apartamento e ele não saía", afirmou a entrevistada.

Aldemir Pessoa Júnior disse que ele e Jamile estavam apaixonados e prestes a casar. "Patrimônio por patrimônio, eu tenho o meu. Não se trata disto. Nós íamos casar agora dia 18, no dia do aniversário dela. Foi um suicídio e, de qualquer forma, tenho minha consciência tranquila", disse.

O casal namorava há cinco meses e morava junto no apartamento de Jamile, em um condomínio de luxo no Bairro Meireles, em Fortaleza. Foi lá que a mulher foi baleada, na noite de 29 de agosto.

Jamile foi levada pelo advogado e pelo filho de 14 anos ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no início da madrugada do dia 30. A família de Jamile soube que ela estava no hospital apenas naquela noite. Na manhã do dia 31, a empresária morreu com uma hemorragia.

O laudo cadavérico da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) sobre a morte de Jamile afirma que o tiro disparado contra a vítima "se deu de cima para baixo". Segundo um dos médicos que atendeu a empresária, a trajetória da bala levanta a hipótese de o tiro ter sido disparado por outra pessoa.

Família sob ameaça

Familiares de Jamile alegam que estão recebendo ameaças nos últimos dias, desde que o caso passou a ser noticiado. "São ligações estranhas. Eles dizem: 'A família da Jamile vai pagar por isso'. A gente está abrindo o 'bocão', dizendo tudo que sabe. O que queremos é justiça", contou uma parente da empresária.