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Polícia

Fala de criança compromete professor suspeito de estupro, diz delegado

22 outubro 2015 - 10h10Por Mariana Anunciação

“Em crimes de abuso, a palavra da vítima se apresenta como uma das poucas provas possíveis ao inquérito policial, considerando que se trata de crime praticado às escondidas e raramente testemunhado por alguém”. A explicação é do delegado Paulo Sergio Lauretto, da Depca (Delegacia Especializado de Proteção à Criança e ao Adolescente), ao explicar que a fala da vítima tem mais “poder”. Portanto, o professor de educação física substituto, de 29 anos, suspeito de abusar de uma criança de cinco anos nesta terça-feira (20) vai continuar preso.

Tudo começou quando o pai do menino foi à Escola Municipal Professora Maria Tereza Rodrigues, no Jardim Santa Emília, em Campo Grande, na tarde do mesmo dia para tirar satisfações, após denúncia do filho. A Polícia Militar e Civil entraram em ação e o professor acabou sendo preso em flagrante pelo crime de estupro de vulnerável, na sua residência Bairro Dom Antônio Barbosa.

Após os depoimentos, o acusado foi encaminhado ao Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. Mas, enquanto o professor nega as acusações, a criança contou que todos brincavam, quando o professor passou as mãos no pênis dele, no momento em que estava atrás de uma mesa. Depois, o suspeito ainda teria retirado fotografias nuas da vítima. O celular foi apreendido e nenhuma imagem encontrada, até agora.

Apesar das versões distintas, o delegado explicou que ao acontecer a prisão em flagrante são feitas as oitivas para evidenciar o crime, ouvindo todos os envolvidos, o que já é suficiente para manter o inquérito policial. “Preciso apenas ouvir a coordenadora da escola sobre o relato da criança. Mas já fiz os procedimentos e mandei cópia para a Prefeitura Municipal tomar as medidas administrativas necessárias”, destacou Lauretto.

Como geralmente não há provas testemunhais, após as oitivas preliminares é feita a prisão. Mas, o delegado explicou que na fase judicial o depoimento será colhido na 7ª Vara Criminal de Competência Especial, local totalmente estruturado para julgar os casos de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes.

“A maioria dos crimes de abuso sexual acontecem dentro do ambiente fechado, não existe ninguém que estupra criança na frente de testemunhas. Se tivéssemos a premissa de provas para casos como esse, não teríamos condições de apurar. Por isso que a palavra da vítima é relevante, principalmente quando é criança. Mas há todo um trabalho para provar os fatos”, explicou o delegado.

O menino será entrevistado por psicólogos e demais profissionais treinados e capacitados. No caso da criança, ele ficará em um ambiente agradável, uma sala com brinquedos e a presença de um psicólogo.  Mas há uma divisória separada por um vidro espelhado, em que os envolvidos como juiz, promotor, advogado e réu podem observar tudo sem que o menino perceba. São feitos questionamentos por meio de um ponto no ouvido do psicólogo, dessa forma, todas as dúvidas são tiradas.

O delegado salienta, que quando há prisões em flagrante o procedimento costuma ser mais ágil, para se evitar injustiças. É válido lembrar que a criança também tem acompanhamento do Conselho Tutelar e outras unidades de atendimento, para minimizar os traumas causados. “Nessa semana termino o inquérito, que será encaminhado ao Fórum e o promotor tem cerca de 5 para fazer a denúncia, mas dependerá da agenda do Juiz para marcar a audiência. Esse tipo de caso costuma ser mais rápido”, concluiu Lauretto.