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NOTA PREMIADA
Polícia

Fora da prisão, investigados adotam silêncio após depoimentos no MPE

17 novembro 2015 - 18h06Por Diana Christie, Amanda Amaral e Dany Nascimento

Em tarde de depoimentos no MPE (Ministério Público Estadual), os investigados em força-tarefa do MPE (Ministério Público Estadual) por suposto desvio de recursos destinados a obras públicas durante a administração do ex-governador André Puccinelli (PMDB) adotaram o silêncio na entrada e saída da sede da instituição.

O megaempresário João Alberto Krampe Amorim, pivô da Operação Lama Asfáltica, e sua sócia, Elza Cristina Araújo dos Santos, foram os últimos a chegar. Para a imprensa, eles preferiram não realizar declarações, sendo que Amorim se limitou a desejar 'boa tarde' aos presentes. Conforme o advogado Benedito de Figueiredo, a estratégia adotada reflete o sigilo do processo. "Estou apenas respeitando as investigações, que correm em sigilo", enfatizou.

O ex-secretário de obras, Edson Giroto, foi o único a ‘quebrar o gelo’ afirmando que as investigações tem cunho político. Ainda assim, deixou as demais declarações para seu advogado, Valeriano Fontoura, que desclassificou as provas recolhidas durante auditoria realizada pela gestão tucana. Há pouco ele teria tentado sair pelos fundos do prédio, por um pomar, mas não foi autorizado.

Acompanhado do advogado Douglas Wagner Van Spitzenbergen, que considera as investigações ‘infundadas’, o engenheiro civil Maxwell Tomé Gomez também evitou a imprensa. Na semana passada, Douglas já havia negado qualquer participação de seu cliente no esquema de fraude em medições que teria causado prejuízo de cerca de R$ 2,9 milhões aos cofres públicos.


 

Ex-diretora da Agesul Maria Wilma Casanova - Foto: André de Abreu


Após pouco mais de uma hora, a ex-diretora da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), Maria Wilma Casanova, foi a primeira a deixar a sede do MPE, também sem declarações. O mesmo fez o engenheiro Rômulo Tadeu Menossi, considerado pela Operação Lama Asfáltica, como o terceiro em comando de organização criminosa liderada por João Amorim.

Em nome do ex-diretor da Agesul, Wilson Cabral Tavares, a advogada Luciana Abou Ghattas, destacou que nenhum dos investigados foi condenado e criticou o ‘pré-julgamento’ dos supostos envolvidos. “Depois de comprovada a inocência, quem haverá de pagar danos morais e materiais?”, alfinetou.

O engenheiro Rômulo Tadeu Menossi e o advogado Benedito de Figueiredo - Foto: André de Abreu


Segundo o advogado do ex-prefeito Beto Mariano, Hilário Carlos de Oliveira, o investigado sequer participou da fiscalização da obras em questão. “Ele é engenheiro, fiscal de obras, mas nessas obras sempre era substituído. Temos que ver o real motivo da acusação”.

Os engenheiros João Afif Jorge e Donizete Rodrigues da Silveira, presos na segunda etapa da força-tarefa e liberados logo na sequência também compareceram. Além deles, prestou depoimento o empresário Fernando Cremonessi, proprietário da Provias, que teve participação na obra da MS-228.


Engenheiro João Afif - Foto: André de Abreu


Entenda

As irregularidades foram apontadas em relatório do Governo do Estado que motivou força-tarefa realizada pelo MPE. Por causa de suspeita de irregularidades, nove pessoas foram presas na terça-feira (10), quando prestaram depoimentos para explicar as obras da recuperação da MS-228, em que as empreiteiras Provias e Proteco Construções foram contratadas para executar uma obra de R$ 4,9 milhões, mas só investiram cerca de R$ 2 milhões.

Suspeitas de irregularidades na MS-171 motivaram novas prisões preventivas, desta vez decretadas a dez pessoas na sexta-feira (13). Conforme a investigação, a Proteco Construções Ltda foi contratada para realizar cerca de 95 m³ de cascalhamento na rodovia, porém menos de 22 m³ foram realizados. Em outro trecho, a empresa deveria realizar 90 quilômetros de cascalhamento, mas só executou 63 deles. Neste caso, a medição foi de R$ 4,5 milhões, mas a empresa só deveria receber R$ 1,8 milhões, logo, o prejuízo chega a R$ 2,6 milhões.