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Polícia

Golpes aumentam na pandemia e clonagem de WhatsApp é o mais comum em Campo Grande

Delegacia Virtual da cidade recebe todos os dias, em média, 450 boletins de ocorrência contra crimes cometidos através da internet

27 fevereiro 2021 - 11h30Por Vinicius Costa

Quem nunca recebeu aquela mensagem estranha com um link ou até uma mensagem no WhatsApp pedindo para fazer um depósito porque o limite do banco estourou? Pois é, a prática de golpes na internet tem assustado muita gente e, na pandemia, o número de casos aumentou. Os bandidos ainda contaram com a colaboração recente do vazamento de dados de muitas pessoas.

A Devir (Delegacia Virtual) recebe, em média, 450 boletins de ocorrência por dia e um dos principais golpes é a clonagem do número de WhatsApp. Para tentar diminuir os golpes, a delegacia planeja criar uma cartilha educativa e interativa para o cidadão.

"A cartilha vai contar os golpes, as histórias, a cobertura utilizada pelos golpistas, como é a abordagem", destaca o delegado da Devir, Juliano Toledo.

O delegado explica que essa prática de clonagem está atrelada ao golpe de estelionato. O criminoso acaba solicitando uma quantia ou uma ajuda para fazer o pagamento de alguma despesa criada no momento do golpe.

"A partir daí, o estelionatário coloca uma situação de perigo que exige um recebimento de quantia para pagar uma despesa emergencial", diz Juliano.

O delegado ainda aponta um segundo golpe que é muito utilizado pelos criminosos. Trata-se dos golpes através de canais de vendas de produtos.

"Neste caso, a pessoa anuncia o produto, o golpista negocia e retira, envia um pagamento no final do expediente bancário, manda uma pessoa para receber o produto", explica.

Porém, a prática não termina por aí. A segunda modalidade mais vista é quando a pessoa mal-intencionada fica rastreando os anúncios e entra em contato com a vítima, afirmando ser do setor de segurança da plataforma, informando que seria uma ligação para evitar fraudes e acaba solicitando uma confirmação de um código de segurança que chega através do celular da vítima.

Neste momento, o criminoso, com o código em mãos, consegue fazer a migração para uma conta de WhatsApp e clonar não somente o número, mas também consegue usufruir do anúncio da vítima para mais golpes.

A entrega de cartão também é uma modalidade que cresceu na pandemia. O golpe acaba acontecendo, por vezes, através de uma ligação onde o criminoso se passa por um atendente de banco e pede que a pessoa entregue o cartão para uma terceira pessoa envolvida, que passaria na casa da vítima.

Números na pandemia

Para efeito de comparação, os dados de 2019 e 2020 foram compilados e destrinchados pelo delegado Juliano. O período analisado foi de março a junho, momento em que a pandemia se instalou no país.

No período de 2019, infrações penais praticadas por meio da internet somavam 967 denuncias, com 233 crimes de estelionato ocorridos por meio da internet.

Com a pandemia já em evidência no Brasil e em Campo Grande, o número aumentou consideravelmente no mesmo período. As infrações registradas somaram 1.243, enquanto os crimes de estelionato praticamente dobraram, subindo para 402.

Vazamento de dados colaborou

Recentemente, o país viveu duas ondas de vazamento de dados. Esse crime acabou colaborando para o crescimento no número de crimes pela internet, principalmente os de estelionato.

O vazamento colaborava, por exemplo, para ativação de uma linha telefônica que seria usada para ligações e até criação de conta bancária para recebimento de dinheiro ilegal vindo dos golpes.

Sites que ajudariam as pessoas a saber se tiveram os dados vazados eram monitorados por pessoas mal-intencionadas, que aproveitavam da situação para praticar o ato de extorsão.

Como proceder

A pessoa que foi lesada por golpe através da internet pode registrar um boletim de ocorrência de maneira virtual ou até mesmo presencial na Devir. Caso a pessoa opte pelo registro online, ela precisa preservar as provas que comprovam o crime e entregar na delegacia mais próxima.

O crime de estelionato, já citado na matéria, é um dos mais comuns e, por isso, a vítima precisa assinar um termo de representação para dar início às investigações.

"O crime de estelionato precisa de uma representação da vítima que quer que aquele crime seja investigado", finalizou o delegado.

A Polícia Civil disponibiliza informações para evitar fraudes e cair nos golpes mais comuns dos criminosos. Para ter acesso a esse passo-a-passo, basta clicar aqui.