Presa preventivamente desde o dia 28 de janeiro deste ano em uma penitenciária no interior de Mato Grosso do Sul, Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos, relatou para a Folha de São Paulo que teve medo de denunciar seu marido, Christian Campoçano Leitheim, de 25 anos.
O casal está preso sob a acusação direta da morte de Sophia Jesus Ocampo, de 2 anos e 7 meses, vítima de espancamento e sinais de abuso sexual. Christian se tornou réu pelos crimes de homicídio qualificado e estupro de vulnerável, enquanto Stephanie foi acusada de homicídio doloso por omissão.
"Eu poderia ter denunciado antes, poderia ter recorrido à Justiça, mas o meu medo de acontecer alguma coisa com as duas [Sophia e a bebê de 7 meses] era muito grande", contou para a reportagem da Folha de São Paulo.
Em outro trecho da entrevista, publicada nesta sexta-feira (24), ela temeu que Christian pudesse sumir com as duas crianças caso fosse denunciado, mas que vinha planejando se separar por conta de alguns episódios que a desagradaram, principalmente envolvendo Sophia.
"Ainda mais quando ele falava que ia sumir e que eu nunca mais veria a minha filha. Eu ia voltar para a minha casa no dia 10 de fevereiro, porque onde morávamos era aluguel e eu estava pensando em me separar", acrescenta.
Durante outro momento da conversa na penitenciária, Stephanie relatou que não gostava que seu companheiro batia na sua filha, que segundo eles, inicialmente, era uma forma de "correção". "Na última vez, quando ficou roxo, a gente brigou feio. Eu dizia que não batia no filho dele", disse.
E ela explicou que durante essa briga, foi agredida e chamou Christian de violento. "Ele vinha para cima de mim e me batia, era violento. Esse foi um dos motivos que eu não denunciei. Ele já ameaçou tomar a nossa filha e me deixar sem a Sophia".
A morte
Sophia de Jesus Ocampo morreu na noite do dia 26 de janeiro, quando foi encaminhada para o UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino. Por lá, médicos e enfermeiros indicaram que a criança já havia falecido há mais de quatro horas e ela tinha sinais de estupro e violência física.
No período de investigação, a Polícia Civil descobriu que houve mais de 30 idas da criança para unidades de saúde.