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Polícia

19/03/2019 08:15

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Mãe não sabia que suspeito de planejar ataque usava internet para pesquisar crimes de ódio

Nas redes sociais o jovem dizia que cometeria um ataque na próxima quarta-feira, mesma data de um atentado realizado em uma escola dos Estados Unidos, em 1999

A família do jovem de 16 anos, que foi apreendido pela polícia por suspeita de planejar um ataque a uma escola estadual, na Zona Norte do Rio de Janeiro, não sabia que o adolescente usava a internet para pesquisar a Deep Web, local virtual em que se trocam informações sobre crimes, ódio e violência. O espaço virtual foi usado, por exemplo, pelos dois jovens que atacaram a tiros os alunos de uma escola em Suzano, em São Paulo, na semana passada.

Em uma rede social utilizada pelo adolescente, ex-aluno da escola, a polícia apreendeu mensagens com ameaças. Nos diálogos, ele dizia que cometeria um ataque na próxima quarta-feira, mesma data de um atentado realizado em uma escola dos Estados Unidos, em 1999. Em outra, postou uma foto de uma arma e disse que tomaria uma medida extrema. Apesar disto, a mãe do rapaz disse acreditar que o filho não queria cometer nenhum atentado e que o objetivo era apenas o de assustar um ex-colega de classe.

— Ele fez isso por brincadeira. Me contou que agiu assim porque sofreu bullying do outro aluno. Meu filho é um menino tranquilo e sociável. Fiquei surpresa com isto tudo. Ele nem celular tem. Já tirei o computador dele uma duas vezes por castigo. Não sabia que ele pesquisava estas coisas (Deep Web), apenas que jogava na internet— disse X.

A polícia chegou até ao menor depois que a diretora da escola procurou a polícia, no último domingo. Ela relatou que outro aluno havia procurado um professor dizendo que o adolescente iria cometer um atentado. Depois de ouvir a diretora, o delegado Roberto Ramos, da 18ª DP (Praça da Bandeira) procurou o Tribunal de Justiça. O juiz de plantão emitiu então um mandado de apreensão do menor.

Nesta segunda-feira, 25 policiais da 18ª DP e da Coordenadoria de Recursos Especiais, com apoio de um helicóptero, conseguiram localizar o estudante num bairro próximo ao Morro da Providência. Ele foi detido e o computador que usava foi apreendido.

A assessoria do Trbunal de Justiça informou que o juízo da 2ª Vara de Infância e Adolescência deverá decidir, até o fim desta terça-feira, se o jovem terá de cumprir ou não alguma medida sócio educativa, como internação por exemplo. A repetição de episódios de violência, evolvendo vítimas em um ambiente escolar, tem crescido nos últimos dias. No dia 13, dez pessoas foram mortas num ataque a tiros, feito por dois ex-alunos, em uma escola de Suzano, em São Paulo.

Horas depois de o massacre ser divulgado, um homem em surto, armado com um machado, invadiu um colégio, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Portador de problemas mentais, ele foi detido por policiais militares. Um dia depois , um estudante foi preso, em Em Belo Horizonte, Minas Gerais, após postar em uma rede social a foto de uma arma, acompanhada de uma mensagem, onde dizia que mataria a todos na escola.

Segundo Dr. Sander Fridman , neuropsiquiatra, psiquiatra forense e psicanalista cognitivista, que atende também crianças, adolescentes e suas famílias, a repetição de casos está ligada a motivação e a reprodução de comportamentos.

— Repetição é a essência do comportamento humano. Aquilo que pareceu funcionar para um, o outro irá imitar — disse o neuropsiquiata. De acordo com o especialista, a dor emocional de quem sofre bullying, por exemplo, pode levar em alguns casos, a um desenvolvimento de uma ação violenta.
— Se dor denota doença então sim, um ato como este ou sua preparação implica um adoecimento. Agora, todo adoecimento decorre de um encontro entre estruturas e fatos sociais, psicológico-emocionais e biopsíquicos. Diferentes pessoas por diversas razões reagem diferente a fatos idênticos — disse.

Para o psiquiatra forense, o atendimento psiquiátrico precoce a crianças, adolescentes e aos seus familiares, ajudariam a reduzir os riscos de repetição de fatos como os que ocorreram nos últimos dias. Ele também defendeu uma proteção maior às escolas para ajudar inibir ações deste tipo.

— A luta contra o bullying segue muito morosa, e a indisponibilidade de atendimento psiquiátrico precoce a crianças, adolescentes e seus familiares, em contextos de sofrimento psíquico são fatores que, supridos, reduzirão as chances de fatos como este. A existência de pessoas em condição de oferecer resistência armada efetiva reduziria as chances de uma tal catástrofe se repetir nestes níveis. Por que o dinheiro nos bancos é tão bem guardado por vigilantes armados, enquanto nossas crianças, nossos maiores tesouros, são menos bem protegidos? — indagou Sander Fridman.

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