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NOTA PREMIADA
Polícia

Réu por crime de ódio despreza acusações do MPE: 'me processem a vontade'

O empresário teria feito publicação dizendo que "bateria em negros, gays, índios e japoneses"

02 setembro 2019 - 11h10Por Rayani Santa Cruz

Há dois dias, o empresário Rafael Brandão Scaquetti Tavares, 34 anos, teve o rosto estampado nos jornais de todo o Brasil devido a ação do Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul, que o acusa por crime de ódio. Ele diz que a postagem foi em tom irônico e em novo post no perfil, nesta segunda-feira (2), afirma que não tem medo de processos. 

Rafael é líder do movimento EndireitaCG e publicou no Facebook, durante as eleições de 2018, em Campo Grande, que assim que Bolsonaro vencesse as eleições, pegaria um caibro e bateria em negros, gays, índios e japoneses. 

O caso foi o primeiro crime de ódio processado em Mato Grosso do Sul. O empresário segue com publicações em seu perfil do Facebook  repudiando a ação do MPE. 

“Não pode fazer piada irônica, não pode cobrar político, não pode criticar o STF. Me processem a vontade, jamais vou permitir o cerceamento a minha liberdade de expressão e tentarem me doutrinar no politicamente correto!”, disse em publicação nesta segunda.


(Postagem de Rafael Tavares- Foto: Reprodução Facebook)

Denúncia no MPE

A denúncia foi aceita em junho desse ano, e o processo está na fase inicial, onde o acusado e testemunhas são convocados para futura audiência de instrução, que correrá na 2ª Vara Criminal de Campo Grande.

Conforme o MPE, um internauta, aparentemente contrário ao então candidato, Jair Bolsonaro, fez um post contanto uma história sobre uma mulher que teria furtado mandioca e como castigo teria tomado uma surra com caibro. A  postagem havia sido feita para ilustrar o risco de eleger um presidente, tido por alguns grupos na sociedade como incentivador da violência.

Depois disso Rafael escreveu sobre bater em negros, gays, japoneses e índios, caso Bolsonaro fosse eleito. 

Para o MPE o réu disse que fez o comentário em tom de ironia e não para disseminar o preconceito. Mesmo assim, o promotor de Justiça Eduardo Franco Cândia não aceitou a justificativa, afirmando que “há a possibilidade de pessoas terem interpretado o referido comentário de forma literal, se sentindo encorajadas a praticar tais atos ou ameaçadas pelas declarações e incitações feitas”.


(Postagem que virou processo criminal- Foto: Reprodução TLMS)

O empresário chegou a gravar um vídeo se justificando, argumentando que se tratava de uma ironia e pedindo desculpas. Procurado pela reportagem, Rafael se manifestou:

''Não vou dizer que me pegou de surpresa essa acusação porque eu já esperava esse tipo de ataque dos meus adversários políticos. Foi um comentário que atacava os eleitores do Bolsonaro como violentos e eu respondi ironizando a postagem de um amigo, onde todos ali no contexto da conversa entenderam a figura de linguagem irônica. Alguém recortou somente o meu comentário, tirando de contexto a conversa, e de forma oportuna estão tentando me prejudicar com essa fake news. Ainda não fui citado nessa ação e pretendo esclarecer o mais breve possível esse mal entendido''.