Nesta semana, os campo-grandenses acompanharam, assustados, ao atentado que matou um jovem de 23 anos, Jairo Lourenço da Silva, a tiros na tarde da última quarta-feira (24), na Rua José Maurício, no Jardim Los Angeles, em Campo Grande. Além dele, o irmão e a cunhada também foram alvejados, mas sobreviveram.
Enquanto estávamos no local, vimos muitos curiosos, o que é consideravelmente normal, posto que a curiosidade é algo inerente ao ser humano.
Mas e quando a curiosidade é mórbida e somente é saciada quando se está frente a frente com um cadáver, ou uma cena trágica de crime?
Enquanto polícia, perícia técnica, agentes funerários, imprensa e outros profissionais estavam no local, cada qual agindo conforme seu segmento, entre os curiosos, via-se várias crianças, inclusive, acompanhadas dos pais, circulando próximas à cena do crime, a observar o cadáver.
Nesse ínterim, o corpo já sem vida de Jairo estava no exato ponto onde a morte lhe surpreendera, exposto à luz do sol - que naquela ocasião estava escaldante -, sem manta térmica, sem lençol branco, sem coisa alguma que pudesse poupá-lo dos olhares curiosos.
Desta forma, também as moscas se faziam presentes sobre o cadáver, fato que chamou a atenção de uma criança, que comentou, de forma inocente: "Olha o tanto de moscas na cabeça dele."
Qual é o limite da exposição à violência quando se trata de crianças? O que precisa para que nossas crianças sejam, de fato e apenas, crianças?