O lutador jiu-jitsu Rafael Martinelli Queiroz, de 27 anos, que espancou até a morte Paulo Cezar de Oliveira, 49, durante um ataque de fúria dentro do Hotel Vale Verde, no final de semana, foi ouvido pelo delegado-adjunto da 1ªDelegacia de Polícia, Miguel Said, na manhã desta quarta-feira (22), em Campo Grande. Said explicou que o lutador confirmou a discussão com a namorada sobre a paternidade do filho que ela espera e que o mesmo ainda classificou o seu relacionamento como 'conturbado'.

Segundo Miguel Said, Rafael alegou que não se recorda de muitos detalhes sobre o dia, mas que lembra de coisas esporádicas. "No depoimento, apesar dele dizer que não se lembra de muita coisa, há outras que ele fala com precisão. Porém, em muitos pontos ele se contradiz".

Um dos pontos que o lutador afirma não se recorda é com relação ao momento em que Rafael teria invadido o quarto da vítima no hotel. "Ele disse que não se recorda, que não se lembra se usou ou não a cadeira para agredir a vítima. No entanto, ele diz que a vítima teria investido contra ele. Porém, vale lembrar que a vítima estava dentro do quarto usando roupas íntimas e após se deparar com alguém, no mínimo iria questionar sobre o que estava acontecendo. E não podemos deixar falar da desproporção dele em relação à vítima, uma covardia".

Said ainda afirmou que o autor  também confirmou que agrediu a namorada Carla Dias, de 24 anos, com um tapa no momento da discussão e os arrombamentos das portas dos quartos, enquanto procurava a namorada. Durante o depoimento, Rafael comentou ao delegado que tomava medicamentos para ansiedade e para perda de peso.

Já com relação ao pedido de acompanhamento médico que foi pedido pelo advogado, Said informou que desconhece essa informação. "Não estou sabendo de nada neste sentido", declarou.

Rafael foi levado pelo Garras e chegou a 1ªDP por volta das 9h10. Somente às 10h10 foi colhido o depoimento. Os advogados também informaram ao delgado que o lutador não iriam falar e nem se apresentar à imprensa. Como o flagrante sobre o caso chegou somente hoje (22) à delegacia devido ao feriado prolongado o caso ainda será investigado.

O rapaz será encaminhado para a Penitenciária de Campo Grande onde ficará a disposição da Justiça. Rafael será indiciado por crime realizado por motivo fútil, lesão corporal e dano. Said ainda não descartou a possibilidade do lutador ser transferido para o interior de São Paulo, onde mora. "Isso vai depender da Justiça. No momento, vou fazer algumas ações e posteriormente sanar o inquérito e encaminhar para o Ministério Público Estadual".

O caso

Conforme o delegado plantonista que atendeu o caso no dia do fato, Thiago Macedo, o casal teria chegado à Campo Grande por volta das 17h40 e teriam ido direto ao local do evento. "Pelo que apuramos, o casal chegou ao hotel por volta das 20 horas aonde fizeram o registro. Eles estavam em companhia de um amigo que havia dado carona e Rafael já tinha comentado com ele sobre a desconfiança".

A vítima, Paulo Cezar de Oliveira teria feito registro no hotel por volta das 20h54, uma hora antes do crime. Por volta das 22h15 a Polícia Militar foi ao hotel, mas não teria entrado no hotel. "O sargento teria perguntado quem seria o autor e todos informaram que seria o lutador e que teria ido até ao Circulo Militar, onde o evento acontecia. Somente lá que os policiais ficaram sabendo do crime. O próprio Rafael teria falado que tinha agredido alguém, mas não sabia como estava a situação".

O policial teria ido até a recepção do hotel, e ido até ao quarto, após a verificação, o sargento retornou e algemou o lutador. Rafael ainda teria ido ao Circulo Militar, após o crime, para se apresentar, porém, ele já havia perdido a luta que disputaria por WO pelo não comparecimento.