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Polícia

25/10/2018 19:48

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'Se existir justiça, que seja para confortar meu coração', diz mãe de pai de santo executado

Mãe da vítima acredita que o motivo do crime seja vingança

A dona de casa Avani Souza de Jesus, de 50 anos, mãe do pai de santo Leandro Souza de Jesus, de 32 anos — mais conhecido como babalorixá Leandro de Agué —, disse que o filho não estava sofrendo ameaças. Na manhã desta quinta-feira, ela foi ao Instituto Médico-Legal (IML) de Nova Iguaçu para fazer a liberação do corpo e pediu justiça. Leandro foi executado na noite desta quarta-feira, pouco depois das 22h.

— Se existir justiça, que seja feita para confortar o coração de uma mãe. Quando o filho está numa vida errada, a gente já espera por isso. Mas não era o caso dele — desabafou a mulher, que estava no IML acompanhada do outro filho, Leonardo.

Avani não acredita que o crime tenha sido motivado por rixa e acredita mais na possibilidade em vingança de alguém insatisfeito com o resultado de um trabalho, ou até mesmo homofobia e intolerância religiosa. Católica, não praticante, a mãe de Leandro não frequentava o terreiro, mas disse que respeitava a fé do filho.

Leandro deixa um filho de 13 anos que, segundo a avó, está inconformado com o crime. Ela contou que o adolescente ficou tão abalado que precisou de atendimento com psicólogo. A família não tem recursos para o sepultamento e deve pedir ajuda à prefeitura. O local e o horário do enterro ainda não foram definidos.

(Foto: reprodução / Extra)

Testemunha relata pânico em terreiro

Uma testemunha relatou o pânico que tomou conta do terreiro de candomblé na Rua das Marrecas, no bairro Nova Brasília, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, no momento em que o pai de santo foi executado. De acordo com ele, que ficou em pânico, havia cerca de 50 pessoas participando de uma cerimônia religiosa no local.

— Fiquei sem saber o que fazer. Só queria tirar o meu povo daqui e não conseguia. Poucos escutavam eu falando "corre". Foi horrível — contou um dos membros do terreiro, acrescentando que inicialmente todos pensaram se tratar de assalto.

Segundo ele, após o crime, os criminosos passaram de novo em frente ao terreiro, para conferir o serviço, mas não chegaram a descer da moto. A testemunha contou que o babalorixá era uma pessoa querida e também não acredita na hipótese de rixa, levantada pela polícia. Porém, admitiu ter ficado claro que o alvo era o pai de santo.

Outras pessoas que estavam no local contaram que os dois homens vestidos de preto e não tiraram os capacetes, o que dificulta a identificação deles. Um dos bandidos deu um tiro para o alto para dispersar as pessoas, de acordo com um relato feito a policiais do 20º BPM (Mesquita). Depois, eles se aproximaram do religioso e dispararam pelo menos cinco tiros. Leandro estava perto dos atabaques.

Os disparos, segundo as mesmas testemunhas, foram à queima-roupa, atingindo a cabeça e as costas.

— Após a execução, o atirador saiu caminhando tranquilamente, subiu na moto, deu uma volta e retornou para o confere — disse uma testemunha.

O babalorixá ainda estava montando o terreiro — de madeira, palha e chão de terra — para onde se mudou há pouco mais de um mês. Ele morava num quarto de madeira, nos fundos. Nesta manhã integrantes do terreiro limpavam o sangue da vítima que ainda estava no local.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) está investigando a morte.

Outro pai de santo

Em abril deste ano, também em Nova Iguaçu, foi assassinado outro pai de santo, identificado como Paulo Jorge Florentino Verissimo. Edmar Santos de Araújo, de 29 anos, conhecido como Pai Bruno da Pombagira foi apontado pela Polícia Civil, na época, como mentor do crime.

De acordo com investigação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), na ocasião, Pai Bruno teria contratado três comparsas — um deles menor de idade — para matar e roubar os pertences da vítima, que foi morta a facadas.

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