Uma ofensa para o eleitor que dispendeu parte de seu tempo para assistir a um show de horrores proporcionado por Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). O saldo final deu razão àqueles que anularam, se abstiveram ou votaram em branco. Deu razão também aos que preferem os debates com diversos candidatos, pois assim o circo se torna mais interessante.
O debate foi uma extensão das ofensas que se repetem em redes sociais e nas inserções de propaganda política onde o espaço petista fala de Aécio e do PSDB, e o espaço peessedebista, de Dilma e do PT. Tudo negativo, agressivo, rançoso.
Ao contrário de outras eleições, em outros tempos, onde havia uma equipe anexa às coordenações de campanha para fazer esse “jogo de desmerecimento e desconstrução da honra alheia”, enquanto os candidatos discutiam programas e dados sobre a administração do país, agora existe apenas um grande bloco de ataque e contra-ataque sendo municiados de dados forjados e composição de mentiras.
O debate
Como bem descreveu o site UOL, um dos promotores do debate realizado nessa quinta-feira (16), em associação com o SBT e Jovem Pan: “Corrupção, nomeação de parentes, mentira, desrespeito, desinformação, falta de transparência, suspeitas, bebida, investigações...Sem trégua em nenhum dos blocos, Dilma Rousseff e Aécio Neves centraram fogo no adversário usando esses temas como armas em suas perguntas e respostas no debate. O tiroteio deixou em segundo plano a discussão sobre temas de programas do governo das candidaturas do PT e do PSDB à Presidência da República.”
“Entre os poucos momentos em que se propuseram a falar de programa de governo, os candidatos discutiram sobre temas econômicos e sobre segurança pública. Aécio citou o elevado número de homicídios no Brasil. Na resposta, a presidente afirmou que as gestões petistas do governo federal foram as únicas que implantaram uma política de combate à violência. Sobre economia, Aécio disse que o governo Dilma 'foi leniente' com a inflação. A presidente contra-atacou afirmando que o método dos tucanos é 'desempregar, arrochar o salário e não investir'.”
Para nada serviu
Basicamente o encontro entre os dois candidatos foi assistido por dois públicos distintos: o primeiro grupo é composto pelos torcedores mais ou menos fiéis deste ou daquele candidato ou partido, que usarão de todas as acusações para postagens nas redes sociais, com ou sem montagem; o segundo, eleitores interessados em ouvir propostas plausíveis, de como cada candidato tornará possível que suas promessas se tornem realidade.
O segundo grupo, se não optou por outra programação no horário, em nada lhe acrescentou assistir ao show de horrores. O primeiro grupo saiu carregado de munição.
Aécio, ainda que tenha feito um ótimo governo em Minas, que lhe deu aprovação de 92%, como repete insistentemente, certamente não conseguiu cumprir todas as suas promessas de campanha. Dilma, que apresenta bons índices de aprovação para o seu governo e sua gestão, deixou de cumprir inúmeras das promessas, ou as cumpriu parcialmente, o que é não cumprir.
Com esse passado, como podem garantir a transformação de promessas em planos e projetos? Como farão para pôr em execução estes projetos? Não dizem. E fica a dúvida no ar: não dizem porque sabem que são promessas sem a responsabilidade de as cumprirem? Se é isso, está explicado o porque de todo o debate derivar para a troca de ofensas, sem que em momento algum digam o que farão e como farão.
Após o encerramento do programa (porque debate não houve), a presidente Dilma Rousseff chegou a passar mal e necessitar da ajuda da jornalista que a entrevistava. Isso foi o que se viu, porque o mal estar causado a todos os eleitores, ficou restrito às suas casas. Deveria haver classificação de faixa etária para este show de horrores e advertência do Ministério da Saúde.
A julgar pelos debates, qualquer dos candidatos está apto a exercer um desgoverno.