Soco no rosto de professor, aluno com arma de brinquedo, invasões de escolas, xingamentos, professor cometendo suicídio e grupos de adolescentes espancando aluno até quebrar seu braço em quadra de escola. Tudo isso é realidade nas escolas de Mato Grosso do Sul e deputados estão preocupados com aumento da violência geral.
Nessa segunda-feira (27), um adolescente de 13 anos invadiu a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo e esfaqueou diversas pessoas, entre elas, a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, que morreu no hospital horas depois após uma parada cardiorrespiratória.
Sobre o tema, o deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB) afirma que tem medo que o Brasil se torne como os Estados Unidos, onde rotineiramente escolas são invadidas por criminosos que matam crianças e professores.
Para ele, o incentivo a armas de fogo, ódio e violência dos últimos anos refletiu de forma muito negativa nas crianças e adolescentes.
“Estamos chegando nas mesmas condições dos americanos e estamos tendo esse problema que vemos todos os dias nos Estados Unidos. Porque a arma está tendo fácil acesso. Aqui no Brasil, a gente não via isso porque se tinha muita dificuldade em adquirir uma arma. Vemos um aumento absurdo do ódio e da violência nos últimos anos, porque adolescentes, essa geração veio aprendendo a cultivar essa cultura. Precisamos mudar isso e o primeiro passo é tirar as armas de fogo de circulação.”
Porrada em professor
Sobre o assunto, o deputado estadual Professor Rinaldo Modesto (Podemos) afirmou que está muito difícil para os professores conviver com famílias desestruturadas e adoecidas. Ele diz que quando a família que é a base do adolescente está doente, a sociedade fica doente e os profissionais da escola não dão conta de resolver.
Uma tragédia praticamente anunciada e mesmo tendo campanhas contra a violência nas escolas, contra o bullying e demais problemas, está muito difícil, diz o parlamentar, citando o caso da invasão de aluno com morte em São Paulo.
“Ato esse que revela uma realidade de violência. É uma vergonha para o Brasil. Homens e mulheres se desenvolvem com livros. Antes de cristo, os filósofos diziam sobre a importância do investimento a educação. Quando cheguei a essa Casa elaborei projeto de lei que institui campanhas contra violência contra profissionais de escolas do MS”, disse Rinaldo Modesto.
Ele afirma que a lei foi elaborada após a diretora da escola do bairro Rouxinóis, região sul de Campo Grande, levar um tapa de um aluno, tão forte que chegou a cair. Para ele, a conotação do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) de que os adolescentes só tem direitos deve ser desmistificado e aplicados as sanções de forma incisiva.
“Em Nova Andradina, tivemos um diretor morto por um aluno”, lamentou Modesto que se solidarizou também com o diretor da Escola Estadual Teotônio Vilela, do bairro Cohab, em Campo Grande e que conseguiu tomar uma arma de brinquedo de um aluno agressor.
Desarmar espíritos
Diante de invasões e violência em escolas, e questionado como reprimir agressões a professores, como caso do menino que usou arma de brinquedo na Escola Estadual, Teotônio Vilela, em Campo Grande, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) diz que campanhas intensas para tentar eximir o comportamento violento devem ser feitas.
“O Brasil registra índices muito altos de violência no trânsito, nas escolas, nas comunidades, nos estádios, ou seja: em tudo quanto é lugar. É necessária uma campanha de comunicação para desarmar os espíritos, educar para a paz, para uma comunicação e uma atitude de não violência e intensificarmos a importância da vida na sociedade”.
Questionado se flexibilização de armas de fogo nos últimos 4 anos contribuiu de alguma maneira para mortes de crianças, Resende evita entrar em cenário polarizado de discussão, mas defende o desarmamento.
“Há uma tentativa de se politizar tudo para classificar as pessoas como de um lado ou de outro. Arma de fogo boa é na mão das forças institucionais de segurança. No Brasil uma criança ou adolescente morre por arma de fogo, muitas por disparos acidentais. Sou cristão, católico, pai de duas crianças e de uma jovem e quero menos armas na sociedade.”
Soma de problemas
A deputada estadual Mara Caseiro (PSDB) afirma que problemas atuais também foram acarretados pela pandemia e toda a violência é uma soma de problemas.
Ela defende que as escolas tenham disponíveis psicólogos e assistentes sociais compondo equipe multidisciplinar. "Precisamos de uma estrutura melhor para verificar se esse aluno está tendo um comportamento, seja ele muito quieto ou muito imperativo. Esse profissional estaria ali para ajudar o aluno e a família para identificar. Esse caso do aluno que fez essa barbaridade lá em São Paulo, disse que estava sofrendo bullying e para evitar esses problemas em nosso Estado, temos de prevenir."
Mara Caseiro destacou que é necessário trazer novamente a cultura da paz e respeito nas escolas, entre professores e alunos, pois casos de agressões estão cada vez mais frequentes em MS.
Retrato do Brasil
Para o deputado estadual Coronel David (PL), a violência atual é a "falência da família." Ele sugere que junto a comissão de Educação haja reunião com os deputados e o governo do Estado para buscar soluções, para evitar tragédia em escolas do MS.
"Acaba infelizmente recaindo nas mãos dos professores. Tive oportunidade de conversar com a Coronel Neide, a subcomandante da PM. Perguntei sobre o videomonitoramento e ronda escolar instaurado no governo de Reinaldo Azambuja. Eu pediria, que junto com a comissão de segurança pública a gente faça uma reunião e verifique como está sendo tratada a segurança nas escolas e essa questão que está afetando diretamente aos professores antes que aconteça uma tragédia em MS."