A acareação entre o ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente Walter Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid não teve consenso ou retificações. Ambos, nesta terça-feira (24/6), mantiveram versões já apresentadas em depoimentos e interrogatórios anteriores.

Cid manteve a versão sobre a reunião realizada na casa de Braga Netto com os coronéis Rafael Oliveira e Ferreira Lima, na qual teria sido tratada uma opção de gerar forte clima de “instabilidade” que permitisse uma medida excepcional pelo então presidente da República.

Manteve ainda a versão de que Braga Netto entregou a ele dinheiro em uma quantia em dinheiro vivo em uma “caixa de vinho“. Na ocasião, Cid afirmou que o general disse a ele: “Era o dinheiro que havia me pedido”.

Braga Netto negou a versão, contou outra e disse que Cid estava faltando com a verdade. Na saída da acareação, o advogado de Braga Netto, José Luis de Oliveira, disse que “Cid mente, mente muito”. Disse ainda que o tenente-coronel foi chamado de mentiroso e “abaixou a cabeça”.

Acareação
Durante a acareação no STF, nesta terça, Cid disse que os “kids pretos”, também denunciados pela Procuradoria-Geral da República na trama golpista teriam pedido o dinheiro para executar o plano. Ele disse ter falado com Braga Netto, que o orientou a procurar o tesoureiro do PL.

“Aí eu não me recordo a data, mas talvez uma ou duas semanas depois, o general Braga Netto me entrega dinheiro. Acho que foi… Eu não me engano, mas eu creio que foi quando o De Oliveira esteve no Alvorada. Ele me entregou um… era tipo uma coisinha de vinho assim, de presente de vinho, com dinheiro”, disse Cid em audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.

Braga Netto negou, disse que nunca conseguiu o dinheiro. Afirmou que, ao receber o pedido de Cid para conseguir dinheiro, pensou ter sido para campanha. Seria uma média de R$ 100 mil. Mas nunca conseguiu a quantia. Braga Netto afirmou que, após a negativa do partido, “não tratou mais desse assunto e disse que jamais entregou qualquer quantia em dinheiro para o réu colaborador”.

Cid disse não lembrar onde recebeu o dinheiro e reiterou que a sacola estaria lacrada e que, portanto, não chegou a ver o dinheiro. “Me foi entregue… o local efetivo eu não me lembro, talvez, na garagem ou ali no corredor, na sala dos ajudantes de ordens ali, mas eu lembro que o que me marcou foi que eu peguei e até escondi pra deixar embaixo da mesa, perto do meu pé ali, pra ninguém mexer”, disse.