A minirreforma política, promulgada durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, deixou as eleições municipais mais equilibradas neste ano. A proibição de financiamento de campanha eleitoral por empresas permitiu que diversos candidatos, que não integram o meio político, pudessem se candidatar e disputar a eleição, de forma mais igualitária. Esse foi um dos pontos destacados pelo servidor público municipal, o tributarista Agnaldo Ruiz, de 47 anos, conhecido como Agnaldo da Prefeitura, que disputou a vereança pelo PTB, na Capital.
"Pela primeira vez pleiteei a vereança, tenho 34 anos de prefeitura, e trabalho em uma área complexa. Por ser tributário, teoricamente, não achei que teria uma aceitação muito boa. Acredito que, por meio do meu trabalho, voltado à população e empresariado, tive reconhecimento e obtive 1.120 votos, em que acredito que foram votos de confiança e verdadeiros. Não foi o suficiente para entrar, mas serviu como o teste e apontou que fui bem aceito", comenta Ruiz.
Apesar de acreditar que esta eleição deixou a disputa mais equilibrada, Agnaldo relata que o tempo para fazer a campanha foi muito curto e este pode ter sido um fator prejudicial. "A campanha, após a mudança, ficou reduzida para 45 dias. Mas se a gente for pensar mesmo, ela teve 30 dias, se duvidar até menos, devido aos ajustes. E quem não tem estrutura financeira já pré-estabelecida acaba sendo prejudicado. Claro que esta campanha foi pobre, não teve investimento e obedeceu um novo formato. Mas também permitiu que pessoas comuns, igual a mim, pudessem participar".
Agnaldo ainda destaca que "quem teve um grupo forte" nesta eleição conseguiu ser eleito, porque teve pessoas que foram às ruas para ajudar. Por outro, segundo ele, "quem vivia meramente da parte financeira [na política], não conseguiu", lembrando que apenas 11 dos parlamentares que disputaram a reeleição retornaram. "Eu contei com ajuda da minha família e dos meus amigos. Eu saí sozinho", comenta.
Ao ser questionado sobre a renovação na Câmara Municipal, o tributarista acreditava que seria ainda maior. "Achei que seria 80%, a política carece de mudança verdadeira. Hoje quem não atende a população não se reelege. Devido aos acontecimentos que foram noticiados pela mídia, a política passou a ser bem monitorada, eles sabem que a população e o Ministério Público estão de olho. O investimento deve ser para a população, quem pretendia trabalhar para si foi retirado e acredito que essa nova leva vai melhorar e uma nova geração vai se beneficiar com essa mudanças".
Tributarista e lotado na Receita do município, Agnaldo afirma que o prefeito eleito Marquinhos Trad, do PSD, vai passar por um grande desafio no próximo ano, à frente da administração. "Vejo que ele foi eleito para trabalhar, tem um grupo administrativo muito bom e a cidade tem condições de crescer. O Marquinhos é uma pessoa capacitada e está bem preparado e vai produzir em prol de todos. Acredito que vai escolher certo, técnico para parte técnica, e político para a parte política. Ele tem que trabalhar antes porque não tem mais a oportunidade para testar. Nesses quatro anos, percebemos que a cidade não teve estrutura e nem um grupo administrativo".
Por fim, apesar de não ter conquistado uma vaga na Câmara Municipal, se considera vitorioso. "Não consegui chegar nos 1.400 votos [suplente], mas dizem que para se chegar a um mandato, é necessário passar por quatro [eleições] para se ter o resultado. Eu saí em cima da hora, o ideal seria ter saído seis meses antes e resolvi de última hora. Mas não me arrependo não. Como pessoa, consegui atingir o meu objetivo, não sou nenhum fenômeno da política, mas tive 1.120 votos. Conquistei pelo meu conhecimento, e principalmente, pela amizade. Por isso, quero agradecer os amigos da Receita e também a todos da área contábil que me ajudaram. Obrigado".
Histórico
Agnaldo Ruiz, de 47 anos, trabalha há 34 anos na prefeitura e, desde os 18 anos, trabalha com a administração de pessoal, dentro da área financeira. Na prefeitura, passou pelas áreas de divisão de lançamento, arrecadação e consolidação de receita, além de cadastro econômico. Por último, estava como assessor no gabinete da Receita.
"Nesses 34 anos, vim exercendo o meu trabalho na área administrativa e tratando direto com o público e na análise de homologação. Sempre pensei no grupo e tive bons funcionários. Me dediquei à prefeitura. Por ela, formei os meus filhos, e aprendi também por meio de cursos oferecidos pela administração. Iniciei sendo chefe e, por todas as partes, sempre tive êxodo, com bom atendimento e isso me ajudou a ajudar e fazer um trabalho melhor", finaliza.