O deputado Pedro Kemp (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa para rechaçar as declarações do senador Magno Malta (PL-ES) que satirizaram o racismo sofrido pelo atacante Vini Junior durante jogo na Espanha no último domingo (21).

O petista afirma que Malta ultrapassou os limites do bom senso e cometeu mais um crime ao tecer as declarações culpando a mídia pela divulgação em massa do caso e satirizando a situação. “Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto”, afirmou o senador.

Kemp repudiou as declarações do senador e disse que as pessoas devem mudar a mentalidade para banir a cultura racista da sociedade.

“Os corpos dos negros sempre são considerados suspeitos. Esse sistema encucou na população uma cultura escravocrata e faz com que essas pessoas estejam numa camada inferior da sociedade. Já fizeram boneco do Vini Junior sendo enforcado lá na Espanha. É um ódio desses torcedores e talvez o talento dele cause esse ódio que não deixa de ser racismo.”

Junior Mochi (MDB) destaca que essa repercussão deve servir como reflexão aos cidadãos para que não tenham atitudes discriminatórias. 

A deputada Lia Nogueira (PSDB) aproveitou para dizer que a fala de Malta reflete seus pensamentos. “Ele foi infeliz na colocação, mas isso pode estar incutido no que realmente ele pensa.”

Rinaldo Modesto (Podemos) disse que é contra o racismo e destacou que sentiu surpresa com as declarações de Magno Malta, já que esteve tanto com ele quanto com Damares Alves em encontros religiosos por algumas ocasiões. “O senador Magno Malta foi infeliz e é a primeira vez que eu o vejo nessa direção. É preciso trabalhar na perspectiva da paz.”

Em resposta, Kemp afirma que como pessoa pública ele deveria pensar antes de falar, pois o comportamento é seguido. “Um fato como esse deve ser repudiado para que a pessoa repense o que ela falou.”

Antonio Vaz do Republicanos não gostou que Pedro Kemp tenha citado o fato de Magno Malta ser pastor. Concordou com a questão do racismo, mas disse que citar a função de pastor seria discriminação.

 “Temos que repudiar todo tipo de racismo. A gente cresceu me chamando de branquelo e outros de negão. Acho que ele [Magno Malta] não quis dizer [aquilo]. Acho que ele quis dizer que é grande notoriedade da mídia, e qualquer coisa é racismo. No século XXI a gente viver isso e não se pode dizer que fez porque se é pastor. Acho que isso é discriminação. Não é só o racismo, há discriminação com as religiões. Me sinto atingido quando a pessoa fala que fez e é pastor.”

"O senador Magno Malta, além de político é pastor e não poderia cometer uma agressão dessas a população negra. É incoerente as pessoas pregarem o evangelho de um lado e a violência e o ódio de outro”, concluiu Kemp que se reiterou que foi isso que quis dizer.