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Política

Farmacêutica presa em 2018 em Anastácio é nomeada secretária de Saúde de Bodoquena

À época, medicamentos estavam 'sumindo' da Farmácia Municipal de Anastácio

21 fevereiro 2020 - 15h29Por Rayani Santa Cruz

A farmacêutica Renata Batista da Rocha foi nomeada como secretária de Saúde de Bodoquena. A nomeação ao cargo surgiu um ano depois da abertura de investigação do MPE (Ministério Público Estadual) pelo crime de peculato e prisão em Anastácio.

Em consulta sobre processos de 1° grau no Tribunal de Justiça de MS, consta em nome de Renata da Rocha, sob o número 0000050-93.2019.8.12.0052, uma investigação pelo MP. Conforme o documento, a ação de responsabilidade do juiz Giuliano Máximo Martins, da Vara Única da Comarca de Anastácio.

Conforme o MP no dia 6 de dezembro de 2018, a farmacêutica foi denunciada, “em proveito próprio ou alheio, apropriou-se e desviou bem público, de que tinha posse em razão do cargo”.

Antes da ação, houve um registro de boletim de ocorrência no município, onde consta que a Polícia Civil realizava investigação às margens da BR-262, quando Renata foi abordada. Em fiscalização, os policiais encontraram 100 frascos da medicação predinisona, com etiquetas de identificação do fundo municipal de Saúde de Anastácio. Ela não portava nota fiscal. 

Segundo o documento do MP, ela se  identificou como servidora da Farmácia Municipal de Anastácio e disse que se deslocava a cidade de Dois Irmãos do Buriti para resolver problemas pessoais. Em justificativa, a farmacêutica disse que levaria os remédios com o intuito de doá-los ou realizar permuta.

Porém, a denunciada não possuía qualquer documento registrando a saída dos medicamentos do estoque, tampouco possuía autorização para tal ato, alegando apenas que tal prática é praxe entre os profissionais de farmácia municipal. 

À época, os policiais civis entraram em contato com a Secretaria de saúde de Anastácio, que informou não ter autorizado Renata a realizar qualquer troca ou doação dos medicamentos com o município de Dois Irmãos do Buriti. A gestora da pasta afirmou ainda que havia denúncias de falta de medicamentos na farmácia local e que havia desconfiança de outras doações desautorizadas que recaíam sobre Renata.  

Segundo depoimento do policial civil de plantão, houve a decisão de dar voz de prisão a Renata pelo crime de peculato devido ela não conseguir explicar fidedignamente as razões da retirada e ata de registros de saída do medicamento. Renata foi encaminhada até Delegacia de Polícia Civil  de Anastácio, onde houve o registro de ocorrência. Após ser ouvida, ela foi liberada.

Funcionária da farmácia afirmou que, rotineiramente, a investigada colocava caixas de medicamento no veículo, e que falava sobre a tal “troca”, mas que nunca viu o retorno das trocas. Ela disse ainda que, por vezes, Renata dizia que se alguém solicitasse tal remédio ‘não era para liberar’, mesmo tendo no estoque. 

Após o episódio, a farmacêutica acabou exonerada do cargo devido ao fato e responde o processo. 

A Prefeitura de Bodoquena foi questionada, na quarta-feira (19), a respeito da indicação e nomeação de Renata para a Secretaria Municipal de Saúde. Contatada via telefone, ficou de responder o e-mail encaminhado antes das 13h daquele dia. 

Nesta sexta-feira (21), novamente houve contato por telefone para a prefeitura do município, mas foi informado que a assessoria não estaria na cidade e que haveria retorno, mas até a publicação não houve posicionamento. O número de contato de Renata também não atende as chamadas.