Moradores de diversas comunidades de Campo Grande lotaram a Câmara Municipal na manhã desta sexta-feira (14) durante uma Audiência Pública dedicada à regularização fundiária e às condições de vida nas favelas da capital. Proposto pelo vereador Landmark, o encontro reuniu lideranças comunitárias, representantes dos governos municipal, estadual e federal, além de parlamentares e entidades sociais.

Atualmente, Campo Grande registra 62 favelas e cerca de 20 mil famílias vivendo em áreas irregulares. Durante o evento, moradores relataram dificuldades diárias agravadas pelos recentes temporais: barracos destelhados, alagamentos, falta de água, energia, saúde, educação e insegurança constante.

As lideranças comunitárias reforçaram o apelo por “Regularização Já”, destacando que dignidade não se resume à moradia, mas ao acesso a serviços públicos. Depoimentos emocionados de mulheres, mães solo e famílias vulneráveis marcaram a audiência, evidenciando situações de risco, doenças e precariedade extrema.

No debate, o vereador Landmark defendeu uma força-tarefa para a habitação e criticou a ausência de investimentos no orçamento municipal. O presidente da Câmara, vereador Papy, reforçou a necessidade de criar instrumentos legais para acelerar a regularização das áreas, afirmando que “papel não segura telhado”.

“Nesta Audiência, nós estamos dando visibilidade para as comunidades, para as favelas que existem aqui em Campo Grande, tirando eles da invisibilidade e chamando a responsabilidade do Poder Público Municipal, do Poder Público Estadual e também da União”, afirmou o vereador Landmark.

Como resposta concreta, foi anunciado que o Governo do Estado foi selecionado no PAC – Periferia Viva, garantindo R$ 47,8 milhões para urbanização do Loteamento Novo Samambaia, incluindo melhorias habitacionais, drenagem, pavimentação, escola, UBSF e creche. A bancada federal também deve destinar R$ 150 milhões para habitação em Mato Grosso do Sul, com parte dos recursos prevista para a capital.

Representantes do Governo Federal destacaram a retomada de políticas sociais e o acompanhamento das demandas, citando o projeto CEP para Todos. A deputada estadual Gleice Jane reforçou o impacto da precariedade, principalmente sobre mulheres e crianças.

“Eu fiz visitas às comunidades, identifiquei a situação principalmente das mulheres e das crianças, que chamaram muita atenção. As crianças estão em situação de moradia em lugares onde tinha lixo e há crianças adoecidas, como a gente pôde perceber visivelmente”, relatou a deputada.

A Prefeitura apresentou o programa Sonho Seguro, que pretende regularizar mais de 10 mil famílias, com 150 títulos já entregues na semana passada.

A Audiência foi considerada uma das mais importantes já realizadas na Câmara, reunindo também Defensoria Pública, OAB/MS, Cruz Vermelha, Defesa Civil e movimentos sociais. O consenso entre todos os setores é que a regularização das favelas é urgente e essencial para garantir cidadania e condições dignas de vida aos moradores de Campo Grande.