O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) foi suspenso da Comissão de Ética após 'motim' na Câmara dos Deputados. A punição, confirmada nesta quarta-feira (8), decorre de dois processos disciplinares, um por obstrução física da Mesa Diretora e outro por declarações difamatórias contra membros da direção da Casa.
Segundo o Conselho, Pollon e outros parlamentares responderam por impedir o livre exercício das atividades legislativas durante um episódio de protesto no plenário. No entanto, o sul-mato-grossense recebeu a sanção mais severa por também ter ofendido colegas e a presidência da Câmara.
Nas redes sociais, o deputado criticou a decisão e atribuiu a suspensão ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). "Acabo de ser suspenso do Conselho de Ética pelo presidente Hugo Motta. Tudo porque falei a verdade. Porque defendi o povo", escreveu.
Em um vídeo publicado em seguida, Pollon classificou a decisão como "ato de perseguição política". "Começaram as sanções. Acabei de ser suspenso das minhas atividades no Conselho de Ética por determinação do presidente Hugo Motta. Agora é reproduzir esse documento em papel cochê e enquadrar. Primeiro ato de perseguição da Câmara dos Deputados contra a minha pessoa, o meu mandato e os cidadãos de Mato Grosso do Sul e do Brasil", afirmou.
O deputado afirmou estar sendo alvo de dois processos simultâneos, o que, segundo ele, dificulta sua defesa. "Perceba o absurdo. Um, eles pedem três meses de suspensão porque eu fiz um discurso. Três meses porque eu fiz um discurso em Campo Grande, num ato pró-anistia, em 3 de outubro. Um discurso", disse.
Pollon alegou que o segundo processo se refere à "obstrução física" durante sessão na Câmara, ação que, segundo ele, já foi adotada por parlamentares da esquerda em outras ocasiões. "Ambas as condutas são atos políticos legítimos. E mais: não estavam previstas no regimento interno", declarou.
O parlamentar afirmou ainda que, após o episódio, foi votada a urgência de um projeto de resolução que pretende alterar o regimento interno da Câmara para tipificar infrações como ofensas morais e obstruções físicas. "Ou seja, estão me punindo por algo que nem estava previsto como infração ética. E o discurso que fiz foi fora da Casa, como cidadão indignado com o presidente, que não pautou a anistia já no primeiro semestre", completou.
Discurso em manifestação pró-Bolsonaro
A fala citada por Pollon ocorreu durante uma manifestação de bolsonaristas em Campo Grande, no dia 3 de outubro, onde o deputado expôs publicamente um racha dentro do Partido Liberal em Mato Grosso do Sul. O ato, que partiu da Praça do Rádio Clube, foi marcado por discursos em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Durante o evento, Pollon afirmou ter sido impedido de subir no trio elétrico, mas acabou tomando o microfone após discussões com aliados. Visivelmente exaltado, o parlamentar disparou contra colegas de legenda que apoiaram a composição do PL com o PSDB para as eleições municipais de 2024. "Canalhas, cretinos!", gritou.
Na ocasião, o deputado disse que não pretendia discursar, mas precisava fazer um desabafo. "Eles entregaram o PL para o PSDB. Eu não vou entregar meu país, porra!", bradou Pollon, em tom de protesto.
A aliança entre PL e PSDB, articulada no estado, derrubou diversas candidaturas apoiadas por Pollon e resultou na sua saída da presidência estadual do partido. Desde então, o parlamentar tem se posicionado como crítico do ex-governador Reinaldo Azambuja, que passou a se aproximar do PL.
Em novas publicações, o deputado insistiu que está sendo vítima de censura e perseguição. "Eles querem me calar… mas eu não vou me curvar. Dois processos disciplinares por quê? Porque falei a verdade, defendi o povo e denunciei o que muitos têm medo de dizer. Querem transformar coragem em crime e censura em justiça, mas não vão conseguir. A verdade não se suspende. A voz do povo não se cala".
Pollon segue respondendo aos dois processos disciplinares no Conselho de Ética, que ainda podem resultar em novas punições. O parlamentar afirma que continuará recorrendo das decisões e denunciando o que chama de "retaliação política".










