Quatro dos seis candidatos ao Senado por Mato Grosso do Sul defendem que o agronegócio não entre em conflito com o meio ambiente. Para isso, indicam menos agrotóxicos nas plantações, socioambientalismos, respeito a agricultura familiar, zoneamento ecológico em áreas de preservação em biomas nas cidades da Serra da Bodoquena e Pantanal.
Todas essas formas de preservação seriam aliadas ao que se preconiza em países de primeiro mundo: preservação do meio ambiente.
Como Mato Grosso do Sul é um grande produtor de comodities como grãos e tem foco na pecuária, todos os candidatos foram questionados: "Como o (a) candidato (a) enxerga a questão Meio Ambiente e Agronegócio? Acredita em zoneamento ecológico em biomas como de Bonito ou Pantanal?"
A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP), que chegou a ficar conhecida como rainha do veneno após liberar dezenas de defensivos enquanto esteve na pasta, não respondeu às questões através de sua assessoria após mais de uma semana de espera para fechamento do texto.
O juiz Odilon de Oliveira também não respondeu.
Confira as respostas:
Professor Tiago Botelho- PT
Eu entendo que todos os países, se você pega os Estados Unidos e a Europa, esses países tiveram que se aliar ao socioambientalismo. O agronegócio que não se aliar ao socioambientalismo ficará atrasado. E isso vai fazer com que economicamente ele deixe de ganhar, e aí eu estou usando uma lógica do capitalismo que é “quer lucro”.
Para ter lucro hoje tem que proteger o meio ambiente, tem que respeitar a agricultura familiar porque essa é uma exigência do atual momento em que a gente vive e da própria ONU. E o Brasil está atrasado em relação ao respeito à questão ambiental.
Hoje os países olham para o Brasil com desconfiança. Nós temos 40 milhões de hectares do Pantanal entre o MT e MS queimados, nós temos o MS com uma das maiores violências no campo do Brasil, a gente tem o cerrado sendo queimado, a mata atlântica, Bonito sendo destruído.
Nós precisamos de um senador que dialogue com o agronegócio e explique. E parcela do agronegócio já entendeu isso. Eu tenho dialogado com o agro e uma parcela dele já entendeu que não adianta achar que os recursos naturais são infinitos. Eles são finitos e as consequências são drásticas. Depois de uma queimada para se recompor uma mata ciliar, um rio, os animais, você não consegue. Então eu defendo que o senador de MS tenha capacidade de diálogo para pacificar as relações entre agronegócio e meio ambiente e agronegócio e povos indígenas. Hoje os povos indígenas são o polo mais fraco nessa relação socioambiental.
Eu acredito, sim, no zoneamento ecológico, entendo que é uma técnica eficaz quando os governos desejam fazer zoneamento ecológico porque daí você identifica quais são os limites para determinadas regiões e quais são as potencialidades que aquele bioma, aquela área ambiental pode proporcionar, e então você zoneia essa região e você tem ali o que pode e o que não pode ser implementado e o que ali realmente dá lucro não destruindo a realidade natural do local.
Mandetta –União Brasil
Produção e preservação são aliados no mundo de hoje. Não há conflito quando se parte de um ponto de vista sustentável. Sobre o Pantanal, não é questão de acreditar, é exigir. Aqui em Mato Grosso do Sul, precisamos dizer onde será autorizado o plantio. Qualquer monocultura acabaria com o Pantanal. Se entrar soja lá, por exemplo, acaba com toda a fauna e a flora. Nós não catalogamos nem 10% das espécies. É um bioma tão delicado que se você não sabe o que fazer, antes de qualquer coisa, estude e proteja. Estou vendo o asfaltamento de estradas dentro do Pantanal sem respeitar sequer as rotas de caminhada dos animais. Sem investimento não há equilíbrio.
A Serra da Bodoquena é outro ponto. Ali a terra é calcária, porosa. Ao iniciar o período de plantio de soja na região, os mananciais descem para o Rio Formoso com terras frouxas. O turismo é importantíssimo para Bonito, mas se encontram a água turva, eles não só não voltam mais, como, frustrados, retiram pretendentes à viagem. Há ainda a preocupação com o agrotóxico, o que está acontecendo no Aquífero deveria estar sendo monitorado com um olhar muito atento. Zoneamento é importante com monitoramento. Eu vejo o pessoal que planta soja sempre com muito cuidado com o fungo, a ferrugem asiática, sementes geneticamente modificadas. Todo mundo pesquisando o lado da produção, que é importante. Mas eu não vejo as pesquisas da mesma intensidade nos impactos para preservação.
Anizio Tocchio- Psol
Nosso País é abrigo das maiores diversidades de fauna e flora do mundo. São diversos biomas espalhados por todo o Brasil. O Mato Grosso do Sul é bioma do cerrado, que representa 22% do território nacional e 5% de toda a biodiversidade do mundo. A riqueza do cerrado é notável e tem sido alvo da forte atuação do agronegócio. Sua degradação não é natural, ela é fruto da desenfreada devastação a troco de terras para pecuária e monocultura. É preciso incentivar a agricultura familiar. Isso perpassa a luta contra o latifúndio e a defesa pela reforma agrária, levantando bandeiras do direito à terra com embasamento no cuidado com a natureza. Também entendemos que o cerrado é terra indígena. Estes são fundamentais no combate ao agronegócio e na preservação de nossos biomas, com base na luta pela demarcação das terras dos povos originários.
Jefferson Bezerra – Agir
O MS é invejado pelo mundo, aquele agronegócio que não desmata, queima e não polui deve ser apoiado, aqueles que não respeitarem o zoneamento de Bonito e principalmente do nosso lindo pantanal devem ser investigados e responsabilizados.