A abertura da CPI da Folia foi negada pela Câmara Municipal na terça-feira passada (3), porém, as irregularidades apontadas em auditoria realizada no mês de abril permanecem e revelaram esquemas de superfaturamento dentro da Fundação de Cultura durante a gestão de Alcides Bernal (PP), cassado por improbidade administrativa. O relatório final foi encaminhado à Procuradoria-Geral do Município, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público Estadual (MPE).
Em audiência pública ocorrida no dia 02 de junho na Câmara, levantamentos da auditoria na Fundação de Cultura da atual gestão de Gilmar Olarte (PP) conduziram ao nome da ex-chefe do Departamento de Projetos da instituição durante a era Bernal - Paula Gamper.
Comissionada do prefeito cassado, Gamper fez parte da junta para a seleção de empresas que concorreram aos disputados quiosques pertencentes à Cidade do Natal em dezembro de 2013. Investigações nas contas da Fundac esclarecem que onze irregularidades causaram um rombo nos cofres da fundação - entre elas está a exploração comercial dos quiosques.
Indícios de desvios de verbas públicas descritas no relatório apontaram que Gamper favoreceu parentes, além da não prestação de contas dos recursos oriundos das empresas escolhidas para alugar os espaços na Cidade do Natal que jamais entraram na Fundac. De acordo com o ediário público (Diogrande) divulgado antes da concorrência no final de 2013, cada quiosque teria o custo de 6 mil reais à empresa selecionada.
Doze quiosques foram colocados à disposição das empresas que fizeram propostas para concorrer aos espaços. No total, os R$ 84 mil resultantes dos aluguéis nunca entraram na receita da Fundação de Cultura, até então presidida pelo ex-diretor-presidente Júlio Cabral.
Esquemas - Na rede social corporativa Linkedin, Paula Gamper descreve em seu perfil que atualmente elabora projetos (Cultura, Turismo, Meio Ambiente, Esporte, Saúde, Social) para a Rede Saúde e Cultura do Programa da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC)/ Fiocruz do Ministério da Cultura, e é responsável pela captação de recursos para os projetos apresentados.
Entretanto, Gamper assegurou em seu perfil que mantém esquemas em Mato Grosso do Sul e também no Mato Grosso para elaborar e "passar" - ou seja, aprovar - projetos em ambos os estados.
Despretenciosamente, afirmou em seu Linkedin: "Durante a gestão Bernal, elaborei e passei projetos em nome de outros, Tendo interesse, temos os contatos necessários."
Atrativo milionário - A Fundação de Cultura abriu as inscrições até o dia 30 deste mês para que os produtores culturais recebam recursos dos fundos municipais de incentivo à cultura. A verba teve acréscimo de 13% em relação ao ano passado.
Os produtores culturais selecionados terão acesso ao Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (Fmic), no valor de R$ 3,2 milhões e ao Programa Municipal de Fomento ao Teatro (Fomteatro), no valor de R$ 800 mil, totalizando R$ 4 milhões - 2,4 milhões a mais do que em 2013.
Entre os nomes cotados para ser parecerista dos projetos inscritos, está o de Paula Gamper - a que mantém os "esquemas" na captação de recursos e aprovação de projetos em MS e MT. Paula foi indicada pelo presidente do Fórum Municipal de Cultura, Vítor Samúdio, ignorando o resultado da auditoria sobre os recursos fantasmas dos quiosques da Cidade do Natal do ano passado.
Ainda de acordo com a nota publicada pela Prefeitura Municipal sobre o Fmic e Fomteatro, Samúdio disse que "ter um projeto aprovado nos permite colocar nossas ideias em prática."
Porém, a contragosto da população que deve pagar seus impostos à União, enquanto houver "esquemas" na distribuição dos recursos destinados à cultura do município, as ideias colocadas na prática pertencerão apenas àqueles que fazem parte do seleto grupo de aconchegados de gestores do dinheiro público.