Menu
quinta, 28 de março de 2024 Campo Grande/MS
MULHER GOV MS
Política

MS é o 3º estado que mais recebeu doações de cartel da Petrobras

Estado só recebeu menos repasses que São Paulo e Bahia

04 agosto 2016 - 12h00Por Diana Christie

A PF (Polícia Federal) fez um levantamento, por estado, das doações de empreiteiras envolvidas no cartel da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, e apontou uma tendência do Grupo UTC em investir nas unidades federativas que os candidatos e siglas estavam há mais tempo no poder. Na distribuição dos recursos, Mato Grosso do Sul foi o 3º estado que mais recebeu dinheiro da estatal.

Os laudos periciais elaborados pela PF endossam a delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, que revelou o uso das doações de campanha para ampliar a influência da empreiteira sobre o Congresso Nacional. Entre 2006 e 2014, os maiores repasses nacionais foram para o PT, depois para candidatos de São Paulo, onde o PSDB ficou no comando por 20 anos, e, na sequência, para o PT e DEM da Bahia.

Os peritos avaliaram as doações da UTC Engenharia, que trabalha principalmente na área de óleo e gás tendo seus principais contratos com a Petrobrás, e da Constran, que atua na área de engenharia civil e possui contratos milionários com vários órgãos públicos federais, estaduais e até municipais para obras como estradas, ferroviais e habitacionais. As duas estão entre os principais alvos da Lava Jato.

Segundo o jornal O Estadão, as doações eram gerenciadas pelo setor que cuidava de ‘fornecedores diversos’, o que amplia a suspeita da PF da relação entre os repasses de dinheiro a políticos e benefícios recebidos pelas empresas na contratação de obras. Em delação premiada, Ricardo Pessoa foi bem explícito e afirmou que conhecia as propostas de campanha de cada candidato e, depois das eleições, procurava os vencedores para discutir negócios de interesse de cada estado ou município.

Conforme o levantamento da PF, Mato Grosso do Sul recebeu R$ 6,3 milhões em doações, atrás apenas do que foi investido na Bahia (R$ 14 milhões) e em São Paulo (R$ 22,3 milhões). Os diretórios nacionais, que distribuem recursos para todo o Brasil, ficaram em 1º lugar com 50,3% de tudo o que foi doado pelas empreiteiras, o equivalente a cerca de R$ 133,7 milhões no total. Confira a tabela:

 

Boa parte das doações que chegaram a Mato Grosso do Sul (57%) foi destinada à campanha do ex-senador Delcídio do Amaral, que era filiado ao PT, quando ele concorreu ao governo e saiu derrotado pelo então candidato Reinaldo Azambuja (PSDB). Conforme O Estadão, o delator e o diretório do PT baiano não foram encontrados para comentar o caso. Já a UTC informou que não falaria sobre investigações em andamento e o PSDB paulista disse que o laudo é inconclusivo e as doações são proporcionais ao tamanho e representatividade de São Paulo.