Sem poder contar com o apoio do governador, e com uma assessoria que utiliza dos dados que apontam quase 80% de aprovação no final de seu mandato como prefeito da Capital para lhe sugar recursos e vender a falsa esperança de conquistar o governo, Nelsinho Trad (PMDB) quer se distanciar de André Puccinelli (PMDB).
Acreditando que o desgaste do partido se deu a partir dos oito anos de governo André, quer na prefeitura, quer no governo do Estado, somados ao antipopular Edson Giroto, lançado ao cargo de prefeito sob a vergasta de Puccinelli, acredita que se distanciando deste universo da democradura instituída, possa ser visto como administrador competente e estadista.
André não quer, não pretende e não tem pretensões de ver seu desafeto Nelsinho Trad galgar o trono que ora lhe pertence. Foi assim nas eleições de 2004. Porém, naquela ocasião a administração Puccinelli elegeria um poste com as mesmas características de Dilma Rousseff, eleita por Lula. Com força entre os filiados caciques peemedebistas, Nelsinho deu a volta por cima na chapa “menina dos olhos do então prefeito”: Edson Giroto e Oswaldo Possari. Foram para a eleição o próprio Nelsinho e uma vice que lhe garantiu os votos, Marisa Serrano (PSDB).
A voz corrente entre os eleitores era que votando no Nelsinho, André governaria Campo Grande por mais quatro anos. Venceu Vander Loubet (PT) que tinha o apoio de um então governador Zeca do PT, cuja administração se sustentava no interior sem conquistar a confiança dos campo-grandenses. Assim, governou.
Auxiliado pelo ex-prefeito tocou suas obras. Quando André foi eleito governador, contou também o prestimoso auxílio estadual para as obras que desenvolveu. Obras perfumáticas, que se desmanchavam na chuva, licitações suspeitas como se pode ver no término de seus oito anos de mandato, projetos iniciados, apenas.
E sua mansidão administrativa foi tal e os erros tantos, que não conseguindo passar o bastão para a equipe, sem poder eleger um poste, como fizera Puccinelli, teve a cortina do seu governo escancarada pela oposição que lhe sucedeu. E, novamente veio a tropa de choque de um só comandante a lhe socorrer. E o sucessor foi atraído para uma arapuca. Cegado pelos penachos, Bernal se deixou capturar e abater. Pronto, o ex-prefeito estava salvo. E mais insistiu em buscar voos mais altos...
Mas, agora, o adversário é outro. Bem posicionado nas pesquisas, com aliança forte e boas coligações (ninguém quer se aliar ao perdedor – percebe-se isso pela debandada de partidos.
Como última força de ataque, tem usado uma mídia aquilatada em valores reais. E lança factoides e busca levar desarmonia ao adversários.
Desdenha de presidente a senador, passando por vice e todos mais. Quem desdenha, diz o ditado, quer comprar. Renegar aquele que corrigiu seus erros administrativos, não é uma boa ideia para quem tem tão pouco mesmo dentro de seu partido.
Se o governador cansou o eleitorado pela sua truculência, Nelsinho nunca conquistou este eleitorado pela sua capacidade administrativa. Todos, o tempo todo, davam os méritos para aquele que estava por detrás.
Quebrar a Pietá pode despertar a ira de Minerva, trair os seus pode impedir que se aproximem os de mais caráter. Cesteiro que faz um cesto, faz um cento.
Coragem e destemor tem aquele que enfrenta as adversidade sem dizer ‘inimigo’ aquele a quem deve reverência. Não é difícil entender porque Puccinelli abandonou Nelsinho à própria sorte, ainda que correndo o risco de, se perder o Senado com sua pré-candidata Simone Tebet (PMDB), e ver esfacelar o partido.
Um candidato não pode pecar pela ingratidão. Nelsinho não pode se arvorar de nada. Ouviu, durante o lançamento midiático do “Uma Casa por Hora” ao seu lado, André dizer: “Nelsinho sofreu a desconfiança (...) no entanto ele teve e terá um professor a lhe acompanhar.