O secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, falou na live quinta-feira (31) ao lado do presidente Jair Bolsonaro que o que o consumo de pescados no litoral do Nordeste; poluído por manchas de petróleo, está liberado. De acordo com informações da Revista Fórum, Jorge avalia que os peixes são “bichos inteligentes” e capazes de fugir da contaminação.

“Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão, ele foge, ele tem medo. Então, obviamente, você pode consumir o seu peixinho sem problema nenhum. Lagosta, camarão, tudo perfeitamente sano, capitão”, disse o secretário, formado em Administração de Empresas e Marketing.

O presidente chegou a engasgar com a declaração e ressaltou, entre uma tosse e outra, que pode haver casos de animais contaminados com o óleo. “Obviamente, às vezes fica ali uma tartaruga na mancha de óleo, pra não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar. Mas, tudo bem” completou Seif Junior.

O pronunciamento do governo a respeito do desastre ambiental no litoral do nordeste ganhou as redes e o secretário foi ao Twitter, na madrugada desta sexta-feira (1º), dizer que adora “o mimimi”.

“Adoro o mimimi… amo! Nenhuma notificação pelo ministério da saúde de contaminação por consumo de peixe… todas contaminações por uso de thinner e diesel para remover óleo do corpo dos voluntários… plantas que possuem Serviço de Inspeção Federal reforçaram protocolos…”, tuitou.

Crimes ambientais em família

Em abril, uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou que a família de Seif Júnior acumula ao menos 10 multas ambientais, a maior parte por infrações de pesca. O clã possui negócios no ramo da pesca.

A mais grave delas é por transportar mais de 12 mil kg de cherne-poveiro, uma espécie classificada como criticamente em risco de extinção. Seif Junior, no entanto, pediu a retirada da espécie da lista de animais aquáticos ameaçados em um dos primeiros atos na pasta da secretaria de Aquicultura e Pesca.

Já o pai do secretário e proprietário da JM Seif Transportes Ltda., Jorge Seif, foi multado em agosto de 2014 pelo Ibama em R$ 300 mil, por transportar no Rio de Janeiro, cherne-poveiro que não poderia ser pescado. Na infração mais recente levantada pela Folha diz respeito aos 24 mil kg de tainha (Mugil liza) pescado em área proibida com a embarcação Mtanos Seif. Desde 2015, há um plano de gestão para uso sustentável e pesca da espécie.