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Política

24/03/2016 11:19

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Odebrecht: beneficiados de MS defendem legalidade e registro de doações

Constam no TSE

As doações da empreiteira Odebrecht, investigada na Operação Lava Jato, para campanhas realizadas em Mato Grosso do Sul chegaram aos políticos locais através dos diretórios nacionais e empresas ligadas ao conglomerado.


Esta é a justificativa dos citados em planilhas apreendidas pela Polícia Federal com o presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa Silva Júnior, mais conhecido como “BJ”. Segundo eles, todos os repasses foram legais e registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Em nota, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) justificou que a doação de R$ 400 mil, recebida em 1º de outubro de 2010 através de transferência eletrônica, foi de “responsabilidade da empresa Leyroz de Caxias Industria Comércio e Logísticas Ltda., em nome da qual foi expedido o recibo eleitoral 15000034425”. Na ocasião, o peemedebista tentava a reeleição.

De acordo com os documentos apreendidos, o solicitante é identificado como ‘FR-Foz’, supostamente ligado à Odebrecht Ambiental (Foz do Brasil), que havia prometido R$ 500 mil. Puccinelli não comenta a anotação, mas reforça que “todos os recursos recebidos na campanha de 2010 foram devidamente declarados em minhas contas já aprovadas pela Justiça Eleitoral”.

Foto: Reprodução/TSE


O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) é relacionado a repasses de R$ 150 mil e R$ 350 mil, que teriam sido usados nas campanhas de 2012 e 2014, respectivamente. Segundo ele, em nota divulgada pelo Diretório Regional do PSDB, “todas as doações recebidas pelo então candidato foram feitas de forma legal e também constam na prestação de contas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”.


Quando concorreu à prefeitura de Campo Grande, as doações teriam sido realizadas através do Diretório Nacional do partido, “embora na prestação de contas não conste o nome da empresa, por não ser obrigatório identificar, à época, o nome dos doadores originais”. Conforme consta no SPCE (Sistema de Prestação de Contas Eleitorais), ele recebeu R$ 1,8 milhão da legenda em 2012. Veja:


Foto: Reprodução/TSE


Em 2014, o governador recebeu R$ 50 mil a mais do que consta na planilha de Benedicto Barbosa, mas os valores estão discriminados no portal do TSE. Em nome dele, o PSDB garante que “a citação de nomes ou partidos em listas e especulações delas advindas não podem, a princípio, ser tomadas como prova de qualquer ilícito, já que os partidos recebem doações e delas prestam contas aos órgãos competentes, de acordo com a legislação vigente”.


 Foto: Reprodução/TSE


O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) confirma o recebimento das doações pela rede social Facebook, mas também ressalva que o dinheiro chegou aos cofres de sua campanha através do Diretório Nacional. Conforme a planilha, ele receberia R$ 50 mil, sendo que o primeiro pagamento, de R$ 40 mil, foi realizado em 29 de setembro de 2010, de um solicitante identificado como ‘BB/JJ’.


“É verdade uma doação de R$ 40 mil para o diretório do Democratas, uma doação legal, prestadas contas à Justiça Eleitoral. À época, a Odebretcht me parecia uma empresa extremamente idônea. O que me deixa perplexo é essa vala comum que se constrói. Não conheço a Odebretcht e nunca estive com nenhum diretor da Odebretcht. Não tenho nenhuma ligação com essa empresa. Pelo contrário, onde mais batalhei é exatamente onde os interesses da Odebretcht são contrários que é exatamente de aumentar os gastos sociais”, justificou.


Mandetta ainda garante que atua em políticas sociais que desagradam o conglomerado, que apoia o juiz Sérgio Moro e que deseja ver homologada a delação premiada de empresários da Odebretcht para “desmascarar esse projeto de financiamento do PT”. Na prestação de contas do candidato não consta o valor de R$ 40 mil, mas em valores aproximados aparece uma doação do diretório nacional no valor que lhe foi prometido na planilha. O depósito, no entanto, ocorreu um mês depois do prazo designado no documento.


Foto: Reprodução/TSE


Também citado na planilha, o deputado federal Vander Loubet (PT) não foi encontrado para mais explicações. Conforme os documentos apreendidos nos endereços da empreiteira, ele receberia R$ 50 mil, sendo que o primeiro pagamento, de R$ 40 mil, foi realizado em 29 de setembro de 2010.


O solicitante é identificado como ‘BB/JJ’, mesmo benfeitor que repassou valores de igual valor a Mandetta, em 1º de outubro de 2010. Na prestação de contas do então candidato, a única doação de valor aproximado, R$ 50 mil em cheque, foi disponibilizada pelo diretório estadual do PT um dia depois do definido na lista da  Odebretcht.


 Foto: Reprodução/TSE


Documentos

Os nomes dos políticos sul-mato-grossenses foram relacionados em documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”. O acervo, que contém o nome de mais de 200 políticos e 18 partidos, foi recolhido em 22 de fevereiro, em dois endereços ligados a Benedicto Barbosa,  nos bairros do Leblon e Copacabana, no Rio de Janeiro.

São relacionados nomes, cargos, siglas partidárias, cidades e estados que cada pessoa representa, valores recebidos e até apelidos atribuídos aos mencionados. Também são detalhados números de contas correntes e CNPJs usados para a campanha eleitoral. Além das planilhas, anotações, textos impressos e notas fiscais foram recolhidas pela Polícia Federal.

Apesar de não significar que as pessoas citadas receberam recursos de propinas, o famoso ‘caixa dois’, a Operação Lava Jato investiga esquema de corrupção em que empresas ligadas à Petrobras oficializavam pagamento de benefícios ilegais a políticos através de doações oficiais, durante as campanhas eleitorais.

  

Entre os 200 nomes relacionados, estão políticos que fazem oposição ao Governo Federal como, por exemplo, Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR). Curioso citar apelido de alguns parlamentares e ministros como Jaques Wagner (Passivo), Eduardo Cunha (Caranguejo), Renan Calheiros (Atleta), José Sarney (Escritor), Eduardo Paes (Nervosinho), Humberto Costa (Drácula), Lindbergh Farias (Lindinho) e Manuela D’Ávila (Avião).

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