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Política

Odilon diz ter 'tomado providências' para investigar ex-subordinado; PF não confirma

PF não se manifestou e sustentou que "não comenta" investigações tocadas pela instituição

04 setembro 2018 - 07h00Por Celso Bejarano e Rodson Willyams
Odilon diz ter 'tomado providências' para investigar ex-subordinado; PF não confirma

O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo PDT, “já tomou as providências” junto à superintendência da Polícia Federal, em Campo Grande, para a abertura de inquérito acerca do conteúdo do depoimento do ex-diretor de Secretaria da 3ª Vara Federal, Jedeão Oliveira, seção judiciária chefiada pelo então magistrado até a segunda metade de 2016.

As informações são de sua assessoria de imprensa, nesta segunda-feira (3). Odilon foi acusado pelo ex-subordinado por eventuais irregularidades.

Já a assessoria de imprensa da PF informou que a instituição não se manifesta sobre as investigações por lá conduzidas. Ou seja, nem confirmou nem negou se Odilon foi lá pedir que o caso seja logo apurado, como prometera na semana passada.

O caso

Jedeão prestou declarações que preencheram 23 folhas de papel ofício e nelas, segundo ele, narrou supostas irregularidades praticadas na 3ª Vara, no período comandado pelo juiz aposentado.

O ex-diretor de Secretaria foi demitido a mando de Odilon por ter sido supostamente o responsável pelo desvio de R$ 11 milhões, dinheiro sequestrado de investigados pela corte e que deveria ser depositado numa conta judicial.

O sumiço da soma milionária fez com que Jedeão, que exercia função de confiança de Odilon havia 22 anos, em Campo Grande, fosse destituído sumariamente do quadro funcional da 3ª Vara.

Ele disse ser inocente, que fora exonerado injustamente e que o cofre com a fortuna ficava dentro do gabinete de Odilon de Oliveira. Além disso, outros servidores da 3ª Vara tinham acesso ao dinheiro, mas “só ele” fora punido.

No depoimento, Jedeão disse ainda que Odilon "inflava" os dados que revelavam o casos de bens apreendidos e ainda que o juiz aposentado teria favorecido investigados em sentenças.

TopMidiaNews teve acesso às declarações, primeiro lavrada num cartório de Bauru (SP), depois entregue ao MPF (Ministério Público Federal), em Campo Grande, que examina o depoimento.

A ideia de Jedeão é que o depoimento seja considerado como delação premiada, meio de reduzir pena em caso de condenação futura.

A REAÇÃO

Assim que publicado o assunto, Odilon de Oliveira, por meio de nota, disse ter “enviado expediente à PF para que a mesma possa abrir inquérito para apurar os fatos referentes às acusações”.

“Depois de dois anos que o ex-servidor foi exonerado só agora, a dois dias do início do programa eleitoral no rádio e na televisão ele vem distribuir as informações à imprensa. A pedido ou a mando de quem?”, questionou ele numa entrevista à Rádio Caçula, no final da manhã da quinta (29) passada, em Três Lagoas.

Ainda no comunicado, Odilon reiterou não haver dúvida de que as “levianas acusações” têm finalidade de desgastá-lo politicamente e acrescentou: “atrás dessas leviandades, que terão que ser, uma a uma, provadas, está, com certeza, o rosto de quem fará de tudo para não perder cargo político”.

Também na entrevista em Três Lagoas, o juiz aposentado disse que quem estiver por trás dessas acusações “deu um tiro no pé”, pois o povo sabe muito bem diferenciar “quem está lambuzado na lama e quem está limpo”.

Odilon disse que, em mensagem enviada a Polícia Federal, na semana passada, informara que estava em viagem e que “tão logo retorne, eu próprio irei requerer que a PF abra inquérito para investigar cada item, com a independência que sempre teve".

Jedeão Oliveira não mora mais em Campo Grande com a família. Ele disse ter sido ameaçado depois de sair da Justiça Federal, daí mudou-se para outro Estado.