Operação do Ministério Público Estadual (MPE) feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do prefeito empossado, Gilmar Olarte (PP), na manhã de sexta-feira (11), chamou a atenção para as denúncias que haviam sido veiculadas apenas pelas redes sociais.
Segundo foi divulgado, a operação objetivava a prisão de dois guardas municipais que faziam a segurança do prefeito e de seus familiares e que portavam armas de fogo sem que tivessem o porte exigido.
No momento da ação, nenhuma informação foi repassada pelos órgãos de segurança, gerando especulações diversas. Por fim, foi informado que o segurança Ricardo Aguiar Castelhano havia sido abordado em seu veículo, e em seu poder foi encontrada uma arma municiada Taurus semi-automática calibre 380. Detido, o próprio Ricardo informou que outro guarda municipal também trabalhava armado.
Fabiano de Oliveira Neves, quando este chegava à residência do prefeito, foi também detido em flagrante e encaminhada para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário.
No entanto, os policiais do Gaeco possuíam mandato para averiguar a residência do prefeito e, aparentemente, a detenção dos dois seguranças foi um acaso, mas serviu para encobrir o real objetivo da ação. Da residência os policiais levaram documentos para serem periciados.
A operação prossegue e as informações não foram repassadas por serem segredo de justiça. Olarte se colocou à disposição da Justiça para ajudar na operação, mas reforçou que seu objetivo é manter o foco na gestão municipal. "Estamos tranquilos porque fui informado pela promotoria que este é um trabalho normal, e se está em segredo de justiça no Ministério Público, não sou eu que vou responder", disse o prefeito.
Estranho segredo, estranho processo
Estranhas as declarações do prefeito, porque era normal invadir casas em busca de documentos nos temos da ditadura que vingou no país; em momentos democráticos não é comum que se tenham policiais de um grupo como o Gaeco, revirando casas "com autorização judicial", para casos banais.
Defesa
Em nota divulgada ainda na sexta-feira, a assessoria do prefeito emitiu uma nota de esclarecimento, onde aponta um ex-assessor do prefeito cassado, Alcides Bernal, como o responsável pela busca realizada.
Nota de Esclarecimento
O prefeito Gilmar Olarte vem a público informar que recebeu na manhã de sexta-feira, em sua residência, o promotor Marcos Alex de Oliveira, do Gaeco, para notificá-lo a prestar esclarecimentos sobre o inquérito que apura supostas irregularidades praticadas por ex-assessor do ex-prefeito Alcides Bernal. O prefeito se colocou à disposição do Ministério Público para prestar todos os esclarecimentos, em dia e hora a serem agendados.
O prefeito deixa claro que não teve nenhuma participação nos fatos objeto da investigação sobre os quais não pode se manifestar, já que está sob sigilo por determinação da judicial.
O ex-assessor, por decisão do Ministério Assembléia de Deus Nova Aliança, do qual o prefeito é presidente de honra, em dezembro do ano passado foi excluído por sua conduta incompatível com os padrões e princípios éticos da instituição.
Em relação aos guardas municipais, detidos pela equipe do Gaeco por porte ilegal de arma, foi aberto um procedimento administrativo para apurar a conduta dos guardas e adotar as providências cabíveis.
Repetição
A história se repete como em Dourados, segunda maior cidade do estado, onde um candidato de oposição, mas bem avaliado pelos eleitores, ousou e conseguiu romper um ciclo de comando político. Ari Artuzi, que no último momento de sua campanha teve o aparente apoio dos mandatários da região, se viu prejudicado intencionalmente em seu governo.
Também ele, por não ter experiência ou competência administrativa foi facilmente engendrado na trama que culminou com a operação Uragano e contou com delação premiada de seu secretário de comunicação. Junto com o prefeito, caiu seu vice e a quase totalidade dos vereadores.
Em Campo Grande
Pelo que indicam os acontecimento e a velocidade com que têm se desenvolvido, após a cassação de Bernal e a posse de Olarte, que formou um secretariado contemplando vereadores e os administradores ligados à gestão Nelsinho, em breve poderemos ter um governo interino nas mãos do vereador e presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal, Mario Cesar (PMDB), reeleito para seu segundo mandato com 5.487, bem distante dos mais de 270 mil votos de Bernal.