O prefeito Gilmar Olarte (PP) comentou sobre o caso de intolerância religiosa que ocorreu nesta quinta-feira (07) na Câmara Municipal de Campo Grande. Durante agenda realizada nesta sexta-feira (8), em homenagem aos 20 anos de criação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), na Assembleia Legislativa, o prefeito negou que exista uma Guerra Santa e atribui o impasse às pessoas que não querem o "bem da cidade".
Na sessão especial realizada ontem, o vereador Eduardo Romero (PC do B) apresentou denúncia de intolerância religiosa encaminhada pelo zelador da Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola, Elson Borges, que pedia a realização do show da cantora Rita Ribeiro, que desenvolveu em 2006 o projeto “Tecnomacumba”. A solicitação foi negada pela diretora-presidente da Fundação Municipal de Cultura (Fundac), Juliana Zorzo. O debate sobre o assunto gerou uma ofensa para os vereadores da bancada evangélica que trataram o caso com descaso e ironias, justamente no dia em que pregavam a paz na Palestina e pediam o fim da intolerância religiosa.
Para o prefeito, as pessoas apenas quiseram criar polêmica sobre o assunto. "Elas não estão preocupadas com o bem e nem com o benefício da cidade. Precisam ter paciência e calma. Essas briguinhas, guerrinhas, essa história de Guerra Santa não existe. A lei é muita clara, a 'Quinta Gospel' é gospel porque significa evangélico. Então, essas outras manifestações culturais estão liberadas e eles podem pegar um dia na praça [não o mesmo dia] que a Fundac vai ceder a estrutura e o som", comentou.
Porém, Olarte explicou que só serão atendidos se a Fundac tiver dinheiro em caixa. "Se tivermos dinheiro em caixa, nós vamos atender. O prefeito tem o poder discricionário e se não puder, eu assumo todas a responsabilidade quando tiver que dizer não", finalizou.
Ontem Romero prometeu ir ao Ministério Público para resolver a questão. “Isso é uma intolerância religiosa. O projeto prevê artistas nacionais e regionais. Estou aqui com a cópia do projeto, que mostra que não há delimitação de religião para o evento. Ou eu sou um tremendo idiota e não entendi, porque a lei não fala nada de evangélicos somente”, destacando o vereador, que é vice-presidente da Comissão de Cultura da Câmara.
O Projeto Quinta Gospel é lei desde 20 de julho de 2012 de autoria do então vereador Lídio Lopes e não especifica se o evento é para o público evangélico, católico ou de outra denominação religiosa. O termo "gospel" significa música religiosa de grupos cristãos, a música gospel é essencialmente religiosa, utilizada em cerimônias. Já a Constituição Brasileira e outras legislações preveem a liberdade de crença religiosa aos cidadãos, além de proteção e respeito às manifestações religiosas, conforme o artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988.