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Política

Psicanalistas acreditam que Bolsonaro possua atitude paranoica

Profissionais dizem que presidente demonstra narcisismo e lógica delirante em ações diante do coronavírus

05 abril 2020 - 14h06Por Rayani Santa Cruz

A Folha de São Paulo pediu a psicanalistas de diferentes correntes e abordagens profissionais para que comentassem aspectos recentes do comportamento do presidente Jair Bolsonaro. Na pandemia do novo coronavírus, o mandatário tem brigado até com o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Algumas atitudes  provocaram o afastamento de antigos aliados e intrigaram inclusive colaboradores próximos.

Conforme a Folha, a imprevisibilidade das atitudes presidenciais levou parte dos opositores a questionar suas condições para permanecer no cargo. A ex-presidenciável Marina Silva (Rede) disse na sexta (3) que a situação beira a “necessidade de uma urgente interdição clínica”.

Lógica paranoica, messiânica e delirante, demonstrações de fragilidade e onipotência são alguns dos elementos nos discursos de Bolsonaro das últimas semanas identificados pelos especialistas. Eles fizeram a ressalva de que as observações sobre suas declarações e atitudes, feitas à distância, não constituem um diagnóstico profissional.

Na atual crise, o alvo é governadores, que decretaram medidas de restrição à circulação para conter a disseminação da doença.

Veja os comentários dos profissionais ouvidos pela Folha:

Para o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da USP , o bolsonarismo tem na criação de inimigos o mecanismo de seu funcionamento. “A pandemia viola muito fortemente essa lógica. Porque aí é um inimigo que não foi você quem criou, portanto não é você quem manipula”, afirma Dunker.

Teorias conspiratórias, como a de que existia manipulação da crise para atrapalhar seu governo, são condizentes com o negacionismo. Elas permitem que o poder da narrativa permaneça com o conspirador, como a continuação de uma lógica já conhecida.

Para a professora Miriam Debieux Rosa, da USP e da Rede Interamericana de Psicanálise e Política, Bolsonaro tenta agora transpor para a gestão política sua “lógica de guerra”, de respostas violentas a problemas, que defendia enquanto deputado. O resultado disso são crises incessantes.

“É uma cultura que não admite desaforo. O que o outro diz e que é contra o que eu estava pensando já é considerado uma ameaça.”

O psicanalista e escritor Mário Corso vê nas reações exacerbadas contra os mais variados atores uma consequência de um sentimento de fragilidade.

“Ele se sente inferiorizado e ataca. Sai em ataque de tudo, mas justamente pela fraqueza intelectual dele. Quando não tem argumento, troca de assunto chutando canelas do adversário. Ele não faz discussão nenhuma. Só ataca o adversário porque ele é consciente da sua fragilidade intelectual”, afirma.

Vem daí também, afirmam os psicanalistas, a necessidade de reafirmar sua autoridade com frequência. Na última terça (31), disse a jornalistas: “Não se esqueça que eu sou o presidente”.