Em bilhete escrito a mão, produzido com perfeito português, o ex-governador André Puccinelli (MDB) negou que a esposa Beth Puccinelli tenha dito que, se o marido e o filho André Júnior não saírem logo da prisão, pretende colaborar por meio da chamada delação premiada com as investigações da Polícia Federal e MPF (Ministério Público Federal).
A notícia do eventual desejo da ex-primeira-dama foi divulgada no domingo pelo jornal O Globo.
Nesta segunda-feira (15), segundo o presidente do diretório municipal do MDB, Ulisses Rocha, Puccinelli negou a informação e passou-lhe um bilhete para que fosse divulgada sua versão.
Rocha afirmou ter ido pela manhã conversar com Puccinelli “outros assuntos”, entre os quais o noticiado no jornal. “Contei a ele sobre o publicado e ele disse que não existe [vontade da delação]: 'nem de minha parte nem de minha mulher'”, afirmou o presidente regional da legenda.
Beth visita o marido na prisão, que fica no Centro de Triagem Anízio de Lima, complexo penitenciário de Campo Grande, todos os domingos
Segundo Rocha, o ex-governador assim se manifestou por meio do bilhete:
“Porquê continuam querendo me prejudicar? Não existe delação de quem é inocente! Desminto os fakes [falsas notícias] que lançam contra mim e minha família”, escreveu o ex-governador.
PRISÕES
Puccinelli, o filho André Júnior e o advogado João Paulo Calves estão encarcerados desde o dia 20 de julho, 87 dias atrás, por suposta ligação com esquema de recebimento de propina em troca de incentivos fiscais.
Calves, no papel, seria dono do Instituto Ícone de Ensino Jurídico, empresa criada para receber quantias milionárias, segundo o MPF. Ocorre que, para os investigadores da operação, o instituto, na prática era do filho de Puccinelli. Calves seria apenas um laranja no esquema.
Puccinelli é investigado desde 2012 quando começou a Lama Asfáltica, operação da PF que descobriu uma série de crimes que teriam sido praticados nas gestões de Puccinelli (2007-2014). Entre os delitos, segundo a PF, no período governado pelo emedebista, ocorrera corrupção, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro.
Puccinelli, o filho e o advogado Calves já tentaram a liberdade com recursos no TRF-3 (Tribunal Regional Federal da Terceira Região), STF (Supremo Tribunal Federal) e STJ (Superior Tribunal de Justiça).
