O setor de oncologia da Santa Casa de Campo Grande foi interditado parcialmente pela Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul conforme nota divulgada pelo órgão. Segundo a Anvisa a interdição ocorreu depois que um relatório do órgão constatou 25 irregularidades do Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, que era responsável pelo setor.
A clínica contestou nesta semana todas as irregularidades apontadas pela vigilância sanitária do Estado sobre o serviço, encaminhadas para a clínica e para a polícia civil. O presidente da Santa Casa de Campo Grande, Wilson Teslenco disse que não tinha conhecimento sobre a falta da licença sanitária da clínica de oncologia e contesta as irregularidades.
“A licença sanitária é concedida pela Vigilância Sanitária Estadual. E eles (Anvisa) estavam sempre aqui dentro, tinham acesso direto a nossa administração e nunca informaram de que eventualmente não houvesse uma licença sanitária para o funcionamento desse serviço. A Santa Casa fiscalizava e acompanhava junto à vigilância. Como a vigilância não se manifestou, o hospital não tomou conhecimento dessa situação”, disse por telefone Teslenco.
A vigilância constatou cerca de 25 irregularidades no setor, entre eles: não ter licença sanitária, não apresentar registros de treinamento de funcionários, (inexistência de boas práticas de funcionamento do serviço de terapia antineoplásica, inexistência de livros de registros de preparo de terapias antineoplásicas, anotações realizadas por profissional que atuava em expediente diferente da manipulação e da infusão quimioterápica, não apresentação dos cálculos das doses prescritas e dos volumes a serem transferidos para os diluentes, não possuir planilhas de programação das terapias antineoplásicas a serem realizadas, não possuir registros da avaliação clínica nos prontuários analisados, quebra de rotina na manipulação quimioterápica contrariando as boas práticas de manipulação e preparo de medicamentos), não apresentação de protocolos de prescrição e de acompanhamento clínico dos pacientes, deixar de implantar ações de prevenção e de controle de infecção e de eventos adversos, deixar de notificar eventos adversos que evoluíram para óbitos, no prazo legal de 72 horas, manter frascos de medicamentos abertos sem identificação e manter produtos e artigos de uso único (sondas gástricas e uretrais) reprocessados.
Investigações
A Polícia Civil e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apuram a morte de três pacientes após a realização de quimioterapia na Santa Casa. São investigadas as mortes de Carmen Insfran Bernard, de 48 anos, no dia 10 de julho, Norotilde Araújo Greco, de 72 anos, no dia seguinte e Maria Glória Guimarães, 61 anos, no dia 12 de julho.
Na última semana, a Polícia Civil realizou a exumação dos três corpos para tentar identificar a causa das mortes. A empresa que realizava a quimioterapia era terceirizada e os responsáveis já foram ouvidos pela polícia.