Três anos após sobreviver a um atentado em uma conveniência de Campo Grande, Paulo Sérgio, de 31 anos, está bem melhor e segue se adaptando à nova realidade. Ele ficou paraplégico após ser baleado na noite de 17 de dezembro de 2021, quando comemorava a conclusão de um curso de eletricista ao lado de amigos.
Na ocasião, um atirador se aproximou do deck da conveniência e disparou diversas vezes contra Paulo e seu amigo André de Freitas Santos, de 27 anos, que morreu no local. Paulo foi atingido inicialmente no ombro, mas o projétil perfurou o pulmão e ficou alojado na medula, resultando na paralisia.
Desde então, ele passou por uma longa e difícil recuperação. Nos primeiros dias, ficou internado na Santa Casa por cerca de uma semana, com drenos no pulmão.
A esposa, Ângela Cordeiro, conta que, na época, foi criada uma vaquinha para ajudá-los, com a meta de arrecadar R$ 5 mil. Porém, o valor não foi suficiente para cobrir as despesas médicas e adaptações necessárias.
"Tivemos gastos com hospital, remédios, fraldas, transporte, fizemos um novo banheiro, adaptamos a casa, cadeira de rodas... tudo é muito caro. Rapidamente, os gastos ultrapassaram o estipulado na vaquinha", relatou Ângela.
Após receber alta da Santa Casa, Paulo saiu sem nenhuma orientação médica. Ele também apresentava uma pequena escara, que a família não entendeu a gravidade e pensou ser apenas um machucado.
Com o tempo, a ferida se agravou, e Paulo passou a ter febre e passar mal. Foi somente após a visita de uma conhecida, que ofereceu apoio à família, que eles perceberam a gravidade da situação.
Com a ajuda dessa pessoa, Paulo conseguiu vaga no hospital da Unimed, onde ficou internado por oito meses e passou por três cirurgias devido à infecção. Em um dos procedimentos mais delicados, precisou ficar 30 dias de bruços.
O período foi de grande sofrimento e poucas melhoras. Em um momento crítico, Paulo pediu para receber alta. "Era a semana do meu aniversário. Foi quando ele pediu para a doutora dar alta porque queria comemorar meu aniversário e morrer em casa", lembra Ângela.
Apesar da resistência inicial, a equipe médica concedeu uma alta provisória. Como ele apresentou melhoras em casa, a liberação foi estendida até a alta definitiva.
Paralelamente à recuperação de Paulo, Ângela enfrentava outra batalha: garantir tratamento adequado para o marido. Após muita insistência, conseguiu uma vaga para que ele fosse tratado no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, onde ficou internado por 45 dias e aprendeu a se adaptar à nova realidade, adquirindo mais autonomia.
Agora, de volta a Campo Grande, Paulo já consegue realizar muitas atividades sozinho, o que permitiu que Ângela voltasse a trabalhar. Antes disso, o casal dependia de doações e da ajuda da família.
Apesar da evolução, a rotina ainda é desafiadora. Paulo é colostomizado, usa sonda e depende de diversos medicamentos e insumos, alguns fornecidos pelo SUS, mas nem sempre disponíveis.
"Eu vou diariamente brigar na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) porque sempre falta e só mandam sonda quando vou brigar. Todo mês renovo receita para medicamentos, mas é muito difícil conseguir as sondas e insumos", conta Ângela.
Quando não há estoque no SUS, a família precisa arcar com os custos. "Hoje ele usa uma caixa de álcool por mês, uma sonda de alívio, mas nem sempre tem no posto e custa mais de R$ 400. Fora outros medicamentos, pomadas e itens que ele necessita e não pode ficar sem", relata.
Apesar das dificuldades, Ângela se mantém firme. "Hoje voltei a trabalhar, graças a Deus, porque não dá para viver de doação. Tenho muito a agradecer por elas, recebi muito, mas depois de um tempo as pessoas esquecem. Ainda assim, até hoje recebo algumas doações que ajudam muito, pois as coisas não são fáceis", desabafa.
A família segue lutando para garantir a qualidade de vida de Paulo Sérgio e pede por doações de insumos para quem puder. Entre os materiais hospitalares que ele usa atualmente estão: sonda de alívio número 14, gases, álcool 70% com frequência, pomada lidocaína com frequência de três em três horas, remédio manipulado para não ter perda de urina constante.
Mais informações podem ser obtidas diretamente com Ângela, pelo número (67) 99120-7534.