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Saúde

Doença que matou veterinária e levou jovem para UTI é causada por sushi malconservado

Popularmente conhecida como 'doença da urina preta', síndrome é rara

14 julho 2021 - 14h02Por Diana Christie

Doença que matou a veterinária Cynthia Priscyla Andrade de Souza, 31 anos, e deixou Kelly Silva, 27 anos, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), a Síndrome de Haff, a popularmente chamada de "doença da urina preta" é causada pela ingestão de peixes e crustáceos malconservados. As informações são do site Uol.

Kelly comeu em um restaurante japonês na cidade de Goianésia, em Goiás, no dia 23 de junho. De acordo com comunicado da Secretaria Municipal de Saúde, ela começou a se sentir mal logo após a ingestão de peixe e foi levada para o hospital. Os médicos diagnosticaram a doença rara.

"É uma doença bem rara, mas ela é causada por uma toxina presente nos peixes e crustáceos. Essa toxina causa uma lesão nos músculos, chamada de rabdomiólise. Essa lesão libera a proteína mioglobina, que cai na corrente sanguínea e sobrecarga os rins", explica a infectologista Ana Senni Rodrigues.

Segundo o site Uol, os sintomas mais comuns da doença são: dores no corpo, dificuldade para andar, dormência no corpo, e alteração da cor e quantidade da urina. Os efeitos da ingestão da toxina aparecem de duas a 24 horas após a alimentação.

"A toxina vai acometer principalmente o sistema muscular e com isso acarreta o comprometimento do rim. Não tem um período de incubação longo, a ação é rápida, assim como quando comemos uma carne contaminada, que a diarreia é bem imediata", observa Ana.

Cynthia Priscyla faleceu em 3 de março, após 14 dias internada no Real Hospital Português, em Recife. Ela também passou mal depois de comer peixe contaminado. A morte encefálica foi declarada após a jovem passar por exames clínicos de dois médicos diferentes, que avaliaram pressão, batimentos cardíacos e outros sinais vitais.

A doença é conhecida pela urina preta por causa da liberação da mioglobina. "A urina fica escura por conta da proteína chamada mioglobina que temos no músculo, ela tem tipo sangue mesmo, como componente da hemoglobina, e por isso que vai ficando escura", acrescenta a médica Ana Senni.

Não existe um remédio que neutralize a ação da toxina presente nos peixes e crustáceos, por isso o tratamento é clínico. "Não tem um tratamento específico, então o paciente é tratado a partir da dor e do problema que apresenta. Se está com o rim alterado, vai tratar com hemodiálise, hidratar. Se está com dor muscular, vai cuidar da dor", conta a infectologista.

A recomendação médica é procurar um serviço de saúde assim que os primeiros sintomas aparecerem, porque quanto antes a doença ser descoberta mais chances de se curar.

"A doença pode levar à morte se a insuficiência renal for irreversível, vai evoluindo sem fechar um diagnóstico rápido. Às vezes, é difícil fechar um diagnóstico raro, sem tirar uma boa história clínica já que é uma doença rara, não está habituado. Pode levar à morte, mas tem casos reversíveis dependendo da lesão renal", afirma a infectologista.

Não é possível prevenir a doença e nem é fácil identificar a toxina porque ela não altera cor, cheiro ou gosto dos alimentos. Além disso, nem o cozimento do peixe neutraliza o seu efeito. Por isso, não há recomendação para se evitar sushi, até porque é uma doença rara, apesar das duas ocorrências.

"A prevenção é só comer peixes e crustáceos que conhecemos a procedência, como é o preparo e se é um peixe ou crustáceo fresco", alerta Ana.