A sete meses do pagamento, Prefeitura de Campo Grande decide cortar plantões de profissionais da área da saúde para garantir o 13° salário de servidores, pago só em dezembro. Depois de descumprir acordo com os trabalhadores, o município justifica que o corte “não vai comprometer a renda salarial de ninguém”.
No entanto, os profissionais da área da saúde são contrários à medida e ameaçaram iniciar uma greve no último dia 13, caso o corte fosse concretizado. Pressionado, o prefeito Gilmar Olarte, PP, voltou atrás e prometeu manter os plantões, mas mais uma vez descumpriu o acordo e o corte deve ser oficializado em publicação do Diário Oficial desta segunda-feira.
Sem os plantões e sem contratar novos profissionais, o atendimento a população nas unidades de saúde pode ser comprometido. Para apurar tais prejuízos, o Conselho Regional de Saúde fará estudo sobre necessidade de plantões e emergência em todas as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centro Regionais de Saúde).
“Queremos a confirmação técnica dos eventuais prejuízos para a população, por isso faremos um levantamento detalhado da necessidade de cada plantão nas UPAs e CRSs para, inclusive, pressionar o município”, afirmou Sebastião Júnior Arinos, membro do Conselho Regional de Saúde.
Já o presidente do Sindicato dos Médicos do Mato Grosso do Sul (SinMed), Dr. Valdir Shigueiro Siroma, questiona o déficit de médicos no município. “Se precisamos de tantos plantões é porque faltam médicos. Esses plantões precisam ser cobertos, se não forem, a população será, sim, prejudicada”, explicou.
Contenção de gastos
Supostamente no vermelho, a Prefeitura de Campo Grande espera economizar R$ 5 milhões com o corte na folha de pagamento. O prefeito alega ter herdado dívidas de ex-prefeitos e ausência de reajuste no repasse de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que teria reduzido R$ 150 milhões a entrada de recurso no cofre municipal.
Em fevereiro, o Ministério Público Estadual instaurou inquérito, nº 12/2015, para investigar irregularidades em Centros Regionais de Saúde (CRS) da capital. A denúncia aponta falta de medicamentos, materiais de trabalho e insuficiência de médico plantonista.
Enquanto isso, a Prefeitura diz estar em crise, com dificuldade de arcar com as despesas em saúde, cerca de 30% dos gastos mensais do município, mesmo em face de superávit na arrecadação. Isso porque, em 2014, os vereadores aprovaram Orçamento para 2015, no valor de R$ 3.672.045.000,00 (três bilhões e seiscentos e setenta e dois milhões e quarenta e cinco mil reais), representando um crescimento de aproximadamente 22,81% em relação ao ano anterior, havendo um acréscimo de R$ 682.045.000,00 (seiscentos e oitenta e dois milhões e quarenta e cinco mil reais). (Leia aqui)