Internado há quase um mês na Santa Casa de Campo Grande, Luiz Carlos Silva de Oliveira, de 70 anos, aguarda uma cirurgia delicada na coluna cervical que, segundo os médicos, é essencial para evitar a tetraplegia. A filha dele, Janaina Collante de Oliveira, 43 anos, denuncia a demora no procedimento e cobra uma posição da instituição. Segundo ela, o pai já enfrenta dificuldades para urinar, precisou ser sondado e apresenta sinais de agravamento do quadro clínico.
A saga de idas e vindas ao médico com Luiz Carlos começou muito antes da internação na Santa Casa, por onde ele já havia passado e sido liberado anteriormente. De acordo com a filha, as lutas com o idoso começaram ainda na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, quando dias antes da internação ele foi com fortes dores na região da coluna.
Após passar pela unidade, ele foi encaminhado à Santa Casa, onde exames de imagem confirmaram uma fratura na coluna. Apesar disso, pelo caso não ser considerado grave à época, Luiz Carlos foi liberado e orientado a buscar o agendamento da cirurgia pelo posto de saúde, o que demoraria ainda mais, conforme a filha.
“O patrão do meu pai pagou uma ressonância e levamos no ortopedista. O médico passou remédio e disse que, se não melhorasse, teria que operar. Mas ele piorou. Passou pelo CRS do Nova Bahia e depois foi para a UPA Santa Mônica, onde uma médica constatou que o problema na coluna cervical estava pressionando a bexiga. Ele já não conseguia mais urinar, a situação foi se agravando ainda mais”, conta Janaina.
A internação definitiva na Santa Casa ocorreu em 25 de maio, após pedido médico por urgência no tratamento. Desde então, Luiz Carlos passou por diversos exames, e foi constatado que a fratura na vértebra C2 está comprimindo a medula, exigindo cirurgia urgente. Segundo a filha, no dia 16 de junho, a família recebeu a notícia de que o procedimento seria realizado ainda naquela semana.
“Fiquei muito feliz quando o médico disse que seria naquela semana, mas no dia 19 veio o balde de água fria. O mesmo médico me informou que a cirurgia foi suspensa porque a equipe responsável não estava mais no hospital. Disseram que a Santa Casa rompeu o contrato com a equipe anterior e que não havia previsão para o procedimento”, detalha.
Janaina afirma que não culpa os médicos nem os profissionais da enfermagem, mas aponta falhas graves na gestão hospitalar. “Cada hora dizem uma coisa. Como é que pode deixar um paciente de 70 anos, com risco de ficar tetraplégico, esperando indefinidamente? Ele já precisou de sonda urinária. É desumano!”, desabafa.
A filha faz um apelo para o hospital agilizar o agendamento da cirurgia. “Quero uma data. Meu pai não pode esperar o pior acontecer. É inadmissível esse descaso, especialmente com idosos. Estamos falando da dignidade de um ser humano”, pede.
A reportagem entrou em contato com a Santa Casa de Campo Grande para obter esclarecimentos sobre o caso do paciente. Em resposta, o hospital informou que "os médicos especialistas já foram acionados e a cirurgia será programada nos próximos dias".
* Matéria editada às 11h19 de 25/6 para acréscimo da posição da Santa Casa