Há oito meses sem conseguir os remédios carbamazepina e fenobarbital na rede pública de saúde, Andrey Ferreira Reginaldo, de 19 anos, continua lutando para manter a epilepsia controlada, em Campo Grande. A situação, que foi denunciada pela mãe do jovem em março deste ano, persiste até hoje sem solução por parte do poder público.
Desempregada e sobrevivendo apenas com o auxílio do programa Bolsa Família, a mãe, Cristiane Neves Reginaldo, de 29 anos, segue arcando com os custos do tratamento do filho. O valor mensal gasto com os medicamentos gira em torno de R$ 260, montante que compromete toda a renda da casa, onde vivem ainda outros três filhos menores.
"Desde novembro do ano passado que está faltando. A única coisa que falam nos postos de saúde é que está em falta na rede. Sou obrigada a comprar. Quando eu não consigo, vou às redes sociais e consigo algumas cartelas com pessoas que também usam e têm sobrando para doar", relata Cristiane.
Andrey faz uso contínuo dos medicamentos desde 2017. A interrupção do tratamento pode provocar graves crises convulsivas. Para evitar essas situações, Cristiane tem recorrido a empréstimos, doações e, muitas vezes, deixado de comprar comida ou pagar contas básicas para garantir a medicação do filho.
Em março, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) informou, por meio de nota, que o estoque estava priorizando pacientes internados e que a pasta estava "empenhada em normalizar o fornecimento o quanto antes". Três meses depois, porém, a realidade das famílias que dependem da entrega nos postos de saúde continua a mesma: prateleiras vazias e nenhuma previsão de regularização.
Sem alternativa, Cristiane segue vivendo em uma área conhecida como "favelinha", para onde se mudou por não conseguir mais pagar aluguel. "Eu precisei mudar, não tinha dinheiro para tudo. Além do Andrey, ainda tenho outros três filhos menores. Ter acesso novamente a esse remédio pela rede pública seria um alívio financeiro", desabafa.
Em resposta a Sesau informa que:
A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (SESAU) informa que o estoque do medicamento carbamazepina encontra-se normalizado, estando disponível para atendimento aos pacientes da rede pública de saúde.
Com relação ao fenobarbital, a SESAU esclarece que o medicamento está com entrega pendente por parte do fornecedor. A Secretaria já adotou todas as providências cabíveis e aguarda o cumprimento do prazo para o restabelecimento do estoque.
A SESAU reforça seu compromisso com a assistência farmacêutica e segue trabalhando para garantir o abastecimento regular de medicamentos essenciais à população.
*Matéria alterada às 13h22 para acréscimo de resposta da Sesau