Mato Grosso do Sul aparece em pesquisa entre os estados em que mais há uso indevido de medicamentos no Brasil. Conforme pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Conselho Federal de Farmácia, o Centro-Oeste lidera o ranking entre as regiões do país, onde cerca de 80% usam os remédios por conta própria, sem orientação de um profissional da saúde.
O hábito é comum entre 77% dos brasileiros, aponta a pesquisa. Inédita na história dos conselhos de Farmácia, a pesquisa investigou o comportamento dos brasileiros em relação à compra e ao uso de medicamentos, e servirá para subsidiar uma campanha nacional de conscientização, em comemoração ao dia 5 de maio, o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos.
É surpreendente o alto índice de utilização de antibióticos 42%, somente superado pelo porcentual declarado para analgésicos e antitérmicos 50%. Em terceiro lugar ficaram os relaxantes musculares 24%. O uso de antibióticos foi maior nas regiões Centro-Oeste e Norte 50%.
Quase metade 47% dos entrevistados disseram se automedicar pelo menos uma vez por mês, no 53% na região centro-oeste e norte. Um quarto dessas pessoas afirmou que o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. O estudo detectou ainda uma modalidade diferente de automedicação, a partir de medicamentos prescritos.
Nesse caso, a pessoa passou pelo profissional da saúde, tem um diagnóstico, recebeu uma receita, mas não usa o medicamento conforme orientado, alterando a dose receitada. Esse comportamento foi relatado pela maioria dos entrevistados 57%, especialmente homens, 60%, e jovens de 16 a 24 anos, 69%.
A principal alteração na posologia foi a redução da dose de pelo menos um dos medicamentos prescritos, 37%. O principal motivo alegado foi a sensação de que “o medicamento fez mal” ou “a doença já estava controlada”. Para 17%, o motivo que justificou a atitude foi o custo do medicamento – “ele é muito caro”.
A frequência da automedicação é maior entre o público feminino. Mais da metade das entrevistadas, 53%, informou utilizar medicamento por conta própria, pelo menos uma vez ao mês. A maioria das pessoas entrevistadas afirmou que se automedica quando já usou o mesmo medicamento antes, 61%. A facilidade de acesso ao medicamento foi outro fator determinante, principalmente entre o público jovem, de 16 a 24 anos, 70%.